Saúde
Nós socializamos nossas bactérias
Os microbiomas são compartilhados entre indivíduos que vivem no mesmo ambiente. Os caminhos representam a evolução das bactérias intestinais ao longo do tempo. Ao longo dos caminhos centrais, três microbiomas distintos estão sendo transmitidos entre os hospedeiros, levando a uma evolução bacteriana semelhante entre eles.
O poder das interações sociais na evolução bacteriana
Experimentos em humanos e animais já mostraram que hospedeiros que socializam (compartilham o mesmo espaço) são colonizados por espécies de bactérias mais semelhantes.
Mas os professores Nelson Frazão e Isabel Gordo, do Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), queriam saber se a evolução bacteriana é afetada por esse compartilhamento de bactérias entre hospedeiros que dividem o mesmo local de moradia.
Para isso eles usaram evolução experimental in vivo, que revelou uma taxa média de transmissão de 7% de bactérias E. coli por dia entre hospedeiros que vivem juntos. Também foi observado um nível mais alto de eventos evolutivos compartilhados, conforme previsto por um modelo teórico de genética populacional.
Curiosamente, a taxa de acumulação de mutações nas E. coli foi a mesma, independentemente do contexto social dos hospedeiros.
Ou seja, hospedeiros submetidos à mesma dieta e hábitos não apresentam apenas a mesma composição de espécies microbianas no intestino, mas acima de tudo cada uma destas espécies sofre o mesmo tipo de evolução. Estes dados revelam o papel determinante da transmissão bacteriana entre hospedeiros na adaptação de novas espécies bacterianas ao intestino, dizem os pesquisadores.
“O nosso estudo fornece provas convincentes de que as interações sociais e os ambientes partilhados desempenham um papel crucial na evolução das bactérias intestinais. O conhecimento destas dinâmicas evolutivas ajudará na compreensão da interação entre a saúde humana ou animal e o contexto social dos hospedeiros,” disse Frazão.