Saúde
Drogas psicodélicas não reproduzem experiências de quase morte
O estudo mostrou que não é válido usar as drogas psicodélicas para realizar estudos de experiências de quase morte porque os dois casos apresentam experiências diferentes
Quase morte versus drogas
Com o aumento do interesse dos cientistas nas experiências de quase morte (EQM), pesquisadores das universidades de Greenwich e College de Londres (Reino Unido) queriam saber se os efeitos sentidos pelos pacientes que relatam esses estados poderiam ser replicados com drogas psicodélicas.
Isso facilitaria muito o estudo das experiências de quase morte, que não precisariam se restringir a pacientes em estado muito grave.
Pascal Michael e seus colegas analisaram as semelhanças e diferenças entre uma EQM, relatada após um estado de coma, e uma experiência induzida por uma droga psicodélica – a equipe usou a 5-Methoxy-DMT, uma droga psicodélica da classe das triptaminas, encontrada em plantas e no sapo Bufo alvarius.
Apesar de os pacientes de cada grupo terem relatado experiências em comum, como a transcendência do espaço-tempo ou a dissolução do ego, apenas nas experiências de quase morte apareceram três temas típicos, já apresentados em outros estudos:
- Uma revisão da vida, em que toda a vida da pessoa passa rapidamente por sua consciência, como em um filme acelerado.
- Encontro com entidades falecidas.
- Um limiar sem retorno, que a pessoa sabe que não poderá cruzar caso deseje retornar para a vida corporal.
Em 1994, Stanislav Grof, um dos fundadores da psicologia transpessoal, relatou ter encontrado alta comparabilidade entre o LSD e uma EQM subsequente. No entanto, depois disso não houve mais registro de outros trabalhos científicos que tenham focado em pessoas que tiveram uma EQM e depois se submeteram a uma experiência induzida por uma substância psicodélica.
De forma global, observou-se um nível de comparabilidade entre a EQM e a experiência psicodélica, emergindo temas comuns. No entanto, surgiram também temas específicos nas EQM, demonstrando que não se pode igualar as duas coisas, nem seria válido usar as drogas psicodélicas para realizar estudos de experiências de quase morte, concluíram os pesquisadores.