Saúde
Rim de porco transplantado com sucesso para paciente com morte cerebral
O paciente continua vivo, mantido por aparelhos, e a observação do transplante prossegue.
Xenotransplante
Uma equipe de médicos da Universidade de Nova York (EUA) transplantou com sucesso um rim de porco para um paciente humano com morte cerebral.
O paciente continua mantido vivo por aparelhos e o rim está funcionando adequadamente. A equipe anunciou agora os resultados após 32 dias do transplante. Embora não seja o primeiro, este é o xenotransplante pelo período mais longo até hoje.
O objetivo é criar uma alternativa sustentável de órgãos para transplante.
O procedimento foi o quinto xenotransplante realizado pela equipe. A observação do paciente continua em andamento e o estudo continuará até meados de setembro de 2023.
“Este trabalho demonstra que um rim de porco – com apenas uma modificação genética e sem medicamentos ou dispositivos experimentais – pode substituir a função de um rim humano por pelo menos 32 dias sem ser rejeitado,” disse o Dr. Robert Montgomery, chefe da equipe.
Transplante de rim de porco
O primeiro obstáculo a ser superado nos xenotransplantes é evitar a chamada rejeição hiperaguda, que normalmente ocorre poucos minutos depois que um órgão animal é conectado ao sistema circulatório humano.
Para evitar isto, a equipe “nocauteou” o gene que codifica a biomolécula conhecida como alfa-gal – que foi identificada como a responsável por uma rápida rejeição mediada por anticorpos de órgãos de porco por humanos. A técnica se mostrou eficaz, evitando a rejeição imediata em todos os cinco xenotransplantes feitos pela equipe. Xenotransplantes anteriores haviam exigido até 10 modificações genéticas, mas esta foi feita com apenas uma modificação, que se mostrou mais eficaz.
Além disso, a glândula timo do porco, responsável por educar o sistema imunológico, foi incorporada sob a camada externa do rim, para evitar novas respostas imunes atrasadas. Esta combinação de modificações evita a rejeição do órgão, preservando a função renal.
Para garantir que a função renal do corpo do paciente humano pudesse ser sustentada apenas pelo rim do porco, ambos os rins nativos do receptor do transplante foram removidos cirurgicamente. Um rim de porco foi então transplantado e começou a produzir urina imediatamente, sem sinais de rejeição hiperaguda.
Durante a fase de observação, a equipe clínica de cuidados intensivos mantém o paciente em suporte de vida, enquanto o desempenho do rim do porco é monitorado e amostrado com biópsias semanais. Os níveis de creatinina, um resíduo corporal encontrado no sangue e um indicador da função renal, ficaram na faixa ideal durante esses primeiros 32 dias de avaliação, e não houve indícios de rejeição nas biópsias.