Saúde
Quando um cisto deve preocupar? Saiba quais são os tipos, sintomas e cuidados
Formações são acúmulo de líquidos em bolsas e podem ocorrer em qualquer parte do corpo
Incômodos, pela aparência, tamanho ou desconforto, os cistos podem aparecer em diversas regiões do corpo — seja interna ou externamente.
De acordo com o clínico geral Érico Oliveira, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os cistos são bolsas fechadas que contêm líquido em seu interior e podem se formar em qualquer parte do organismo.
As causas podem variar, podendo, inclusive, ter componentes genéticos.
Tipos de cisto
Entre os tipos de cistos que podem ocorrer, estão:
• Cisto sebáceo – A Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) explica que esse tipo de cisto é formado sob a pele, como resultado de entupimento de uma glândula sebácea, provocando o acúmulo de gordura na região. Entre os locais mais comuns de aparecimento, estão a face, pescoço e tronco;
• Cistos ovarianos – O Manual MSD de diagnósticos e tratamentos esclarece que os cistos ovarianos são bolsas cheias de líquido que podem aparecer dentro ou fora dos ovários, sendo a sua maioria benigna. Eles costumam desaparecer sem necessidade de alguma ação. Os cistos ovarianos podem ser divididos em foliculares (que se formam conforme o óvulo está se desenvolvendo no folículo) ou cistos do corpo lúteo (se formam a partir da estrutura que se desenvolve após a ruptura do folículo e liberação do óvulo. Estes cistos podem sangrar, aumentando o tamanho do ovário, ou podem se romper, liberando líquidos no abdômen e causando dor);
• Cistos renais – O Manual MSD explica que os cistos renais podem ser únicos ou múltiplos, ocorrendo em um ou nos dois rins, e geralmente não causam problemas renais sérios. Os cistos múltiplos costumam ocorrer em pessoas com problemas renais crônicos. Os cistos não costumam apresentar sintomas, mas pode haver sangramento na urina, dores nos flancos (dos lados) ou infecções. Pacientes que desenvolvem cistos renais, principalmente com um rim transplantado, ou pessoas tratadas com diálise por vários anos apresentam risco de desenvolver câncer renal;
Cisto de Naboth – A BVS-MS (biblioteca virtual em saúde do Ministério da Saúde) afirma que o cisto de Naboth ocorre pelo acúmulo de muco, nas glândulas mucosas de Naboth, no colo uterino. As glândulas costumam se encher de secreção devido a um bloqueio no ducto;
• Cisto de Baker – Aparece atrás do joelho. Segundo o Manual MSD, ocorre um acúmulo de líquido sinovial (fluído que fica entre as articulações). As causas podem incluir lesões prévias, artrite reumatoide, osteoartrite ou uso excessivo do joelho;
• Cisto de Bartholin – Os cistos da glândula de Bartholin são bolsas repletas de muco que podem se formar quando as glândulas localizadas perto da abertura da vagina estão bloqueadas. Se infeccionados, podem causar dor;
• Cisto pilonidal – Ocorre na região entre o sacro e o cóccix, em poros que podem conter pelos dentro do cisto;
• Cisto sinovial – Ocorre nas articulações, com acúmulo do líquido sinovial;
• Cisto aracnoide – De acordo com a SBNPed (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica), o cisto aracnoide consiste em um acúmulo de líquido cefalorraquiano (líquido que está presente naturalmente dentro do nosso cérebro) em uma das membranas cerebrais. Esse acúmulo ocorre por uma falha na formação do sistema nervoso do bebê, podendo aparecer em qualquer parte do cérebro ou da medula espinhal. Entre os sintomas, está a dor de cabeça;
• Cisto no fígado – O American Liver Foundation afirma que a formação dos cistos hepáticos não tem causa conhecida, mas eles podem ser resultado de uma malformação no nascimento, ou podem se desenvolver ao longo da vida. Alguns cistos podem ser causados pelo equinoco, um parasita encontrado em ovelhas. A maioria dos cistos hepáticos não causa sintomas mas, se houver crescimento exacerbado, podem causar inchaço e dor na parte superior direita do abdômen. As raras complicações incluem insuficiência hepática e câncer de fígado;
• Cisto na mama – O Manual MSD afirma que os cistos mamários são comuns. Suas causas são desconhecidas, podendo haver envolvimento de lesões ou alterações no tecido conjuntivo fibroso e glândulas mamárias. O tamanho dos cistos pode variar e eles podem causar dor. Nesses casos, é indicada a drenagem do líquido. É realizado um exame microscópico do líquido para detectar a presença de células cancerosas apenas nos casos em que o líquido está sanguinolento ou turvo; obtenção de pequena quantidade de líquido; permanência do nódulo após a drenagem. Se, após três visitas ao médico, o cisto permanecer ou reaparecer após a drenagem, é feita uma biópsia. Raramente, quando há suspeita de câncer de mama, os cistos são removidos.
O cirurgião geral Marcelo Vieira, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que a maioria dos cistos é benigna e não costuma oferecer riscos. Oliveira complementa que, em alguns casos, podem gerar desconforto, compressão de órgãos ou infecções, a depender do tipo e localização.
“Os cistos são benignos e não se tornam malignos. Porém, quando pequenos, características malignas podem não ser percebidas. Dessa maneira, é importante que em todos os casos haja acompanhamento médico”, alega Vieira.
O clínico explica que a malignidade dos cistos costuma estar associada a tumores que podem se apresentar como cistos. Em casos raros, pode acontecer de os cistos se transformarem em tumores, especialmente em cistos ovarianos. A malignidade não tem associação com a localização das bolsas.
O diagnóstico dos cistos é realizado por meio de exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância magnética ou tomografia computadorizada, podendo ocorrer de forma casual, a partir de exames realizados por outras indicações.
A velocidade do crescimento das bolsas depende da localização. Vieira diz que nos rins ou na pele, por exemplo, podem levar anos, enquanto cistos ovarianos podem crescer em dias e meses.
Por vezes, pode se fazer necessária a realização de biópsias para a confirmação de diagnóstico. Se o aspecto for maligno, pode haver a indicação direta de cirurgia.
Vieira esclarece que, antes de iniciar os tratamentos, é preciso avaliar aspectos como verrugas em seu interior ou divisões, que podem indicar características oncológicas.
Descartadas as características oncológicas, é preciso fazer o acompanhamento médico, avaliando dores, incômodos e crescimento, assim como a necessidade cirúrgica ou de drenagem.