Internacional
Acnur: “Violência a civis e abusos de direitos humanos estão aumentando em Darfur”
Agência da ONU para Refugiados receia retorno de níveis críticos ocorridos há 20 anos na região do Sudão; grupos armados mataram mais 800 em área ocidental sem registro anterior de ataques
Relatos de violência sexual, tortura, assassinatos arbitrários, extorsão de civis e ataques a certos grupos étnicos na área sudanesa de Darfur são foco de preocupação para a Agência da ONU para Refugiados, Acnur.
Com o avanço dos confrontos surgem depoimentos de milhares de deslocados internos que foram obrigados a fugir para um campo em El Geneina.
Fugas em massa e falta de registo
Estima-se que mais de 8 mil pessoas fugiram para o vizinho Chade na última semana. A agência destaca que os números de vítimas podem ser ainda maiores mencionando fugas em massa e desafios no registo de chegadas.
Entre as vítimas fatais recentes estão mais de 800 pessoas assassinadas por grupos armados em Ardamata, uma área ocidental de Darfur que até agora era a menos afetada pelo conflito.
Num acampamento de deslocados em Ardamata foram destruídos cerca de 100 abrigos. A violência foi acompanhada de roubo de artigos essenciais, incluindo itens de ajuda humanitária da agência da ONU.
O alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, pediu o fim imediato dos confrontos e que os envolvidos respeitem de forma incondicional a população civil para que seja evitada outra catástrofe.
Dimensão das atrocidades
O chefe do Acnur lembrou atos que há 20 anos causaram choque pela dimensão das atrocidades e violações dos direitos humanos em Darfur. Grandi disse recear “que uma dinâmica semelhante venha a ocorrer”.
Numa realidade sem confrontos e onde há cumprimento das obrigações do direito humanitário internacional, ele disse que pode haver passagem segura de civis que se movimentam em busca de segurança.
Desde meados de abril, o conflito entre o Exército do Sudão e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido deslocou mais de 4,8 milhões de pessoas e cerca de 1,2 milhões buscaram abrigo nos países vizinhos.