Saúde
Efeito placebo pode dar melhor resultado que tratamentos para hiperatividade e depressão
Um placebo psicológico permite induzir efeitos emocionais dirigidos nos pacientes. De fato, os placebos são úteis mesmo quando os pacientes sabem que são placebos.
Quando o falso funciona melhor
Uma equipe de psicólogos da Universidade de Surrey (Reino Unido) reuniu cinco estudos independentes que analisaram diferentes tipos de tratamentos de neuroestimulação, e então os colocaram na mesma base para tentar compreender o papel das crenças subjetivas dos pacientes em relação aos tratamentos para TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e depressão, sempre comparando os pacientes com adultos saudáveis.
A análise confirmou que as crenças dos pacientes – saber se estavam recebendo tratamentos reais ou com placebo – explicaram os resultados do tratamento em quatro dos cinco estudos.
Na verdade, em alguns casos as crenças dos voluntários explicaram melhor os resultados do tratamento do que o próprio tratamento em si, ou seja, o placebo funcionou melhor do que o remédio ou terapia aplicados. As suposições sobre a intensidade do tratamento também desempenharam um papel significativo no tratamento.
“A sabedoria comum é que o mesmo tratamento médico produziria resultados semelhantes entre os pacientes, mas o nosso estudo sugere uma reviravolta fascinante. Embora se esperassem melhorias uniformes num grupo de pessoas com depressão submetidas ao mesmo tratamento de neuroestimulação, os resultados podem variar amplamente,” disse o professor Roi Kadosh.
Um placebo psicológico permite induzir efeitos emocionais dirigidos nos pacientes. De fato, os placebos são úteis mesmo quando os pacientes sabem que são placebos.
Monitorar as crenças dos pacientes
O conceito de que um placebo ou um tratamento simulado podem imitar os efeitos genuínos do tratamento está bem estabelecido na ciência. Mas, tipicamente, o efeito placebo tem sido estudado separadamente das análises dos resultados reais do tratamento. Esta nova análise ponderou a contribuição dos dois elementos, o efeito placebo e o efeito do tratamento em si.
“O que é verdadeiramente revelador é que esta variabilidade pode ser amplamente influenciada pelas próprias crenças dos participantes sobre o tratamento que estão recebendo. Em essência, se um indivíduo acredita que está recebendo um tratamento eficaz – mesmo quando recebe um placebo – a crença por si só pode contribuir para melhorias significativas em sua condição,” disse o professor Roi Kadosh.
A conclusão da equipe é que os ensaios clínicos poderão dar resultados mais completos se os cientistas anotarem as crenças dos participantes ao longo de todo o estudo, uma vez que o fato de eles acreditarem estar recebendo o tratamento real ou um tratamento falso influencia os resultados de ambos.