Márquez ainda pilota Ducati como Honda no teste de MotoGP em Sepang

Após uma primeira corrida em Valência no final do ano passado, Márquez está tendo uma segunda chance de se acostumar com a GP23 no teste oficial de pré-temporada desta semana no Circuito Internacional de Sepang, na Malásia.

Completando um total de 72 voltas na quarta-feira, o piloto da Gresini terminou em 14º na tabela de tempos com uma volta que ficou quase um segundo atrás da Ducati de fábrica de Enea Bastianini .

Embora tenha sido um dia muito mais produtivo para um espanhol em comparação com o dia de abertura do teste de terça-feira, em que parou várias vezes na pista devido a problemas mecânicos, ele sente que ainda há várias áreas onde pode melhorar à medida que continua a sua transição da Honda.

Especificamente, a frenagem e o uso dos pneus traseiros na Ducati são completamente opostos aos da Honda RC213V, algo que Luca Marini também descobriu depois de seguir o caminho oposto de Márquez fora da temporada, ao trocar o VR46 pela HRC em 2024.

Márquez sente que as diferenças entre as duas motos são tão significativas que tem de desaprender alguns dos seus antigos padrões, pois sente que o seu actual estilo de pilotagem não o deixará extrair o melhor da sua Ducati de um ano.

“A forma de usar o pneu traseiro é completamente diferente”, explicou. “Por essa razão ainda continuo a pilotar a Ducati como a Honda. 

“Em Valência estava tudo bem, mas aqui não. E agora preciso me livrar do hábito de 11 anos que se passaram. Então isso é difícil. 

“Quando você está no ritmo é mais fácil porque você tem mais tempo. Mas quando você está em um ataque contra o tempo, você não está pensando, você está agindo por instinto. 

“E se estou a rodar por instinto, estou a rodar como a Honda. Mas não é a melhor maneira de andar nesta bicicleta. Então, passo a passo, é um processo.”

Marc Márquez, Gresini Racing

Márquez acredita que não é capaz de tirar vantagem da aderência traseira da Ducati, o que o deixou com dificuldades para acelerar – especialmente ao sair de curvas rápidas.

“A maneira de parar a moto da Ducati é diferente [em comparação com a Honda]”, disse ele. “Mas no ponto de freio não estou perdendo. É o contrário, estou a ganhar em comparação com outros pilotos da Ducati. 

“Ainda preciso entender a aderência traseira porque é muita coisa, mas é preciso entender como usá-la. 

“E é por essa razão que com um pneu usado consigo estar num bom ritmo, mas com um pneu novo ainda não consigo lucro suficiente. 

“Mas para parar a moto, entendo cada vez melhor o passo a passo. Na primeira parte do dia tive dificuldades, mas nesta segunda parte do dia foi melhor. 

“No momento em que estou perdendo mais é na saída da curva, principalmente nas curvas rápidas. 

“Sou rápido nas curvas lentas, mas nas curvas rápidas onde é preciso ter a confiança da moto para acelerar e é onde ainda estou com dificuldades.”

Tendo apenas três dias de corrida com a Ducati até agora, Márquez sente que ainda está a lutar pelo ritmo de volta única devido às oportunidades limitadas para testar pneus novos na moto.

Esta é uma área onde o hexacampeão de MotoGP quer melhorar, pois acredita que consegue entrar no ritmo em corridas mais longas.

“Na última parte do dia tive um pneu para o contrarrelógio. Resolvi fazer 10 voltas, a corrida sprint [simulação], porque senti que era necessário entender essa moto com mais voltas seguidas. 

“E de fato durante a corrida de velocidade eu estava largando, indo mais devagar e, no final, mais rápido. Isso significa que eu estava entendendo melhor a moto volta a volta. 

“Eu estava lutando muito no contra-relógio. É onde estou com mais dificuldades porque é mais difícil para o piloto entender como usar o pneu novo na moto. 

“Porque [para] o ritmo [e] o ritmo com o pneu usado, você tem muitas voltas. Você tem 15 voltas. 

“Mas para o contra-relógio você só tem duas voltas e depois de duas horas você tem mais duas voltas para o contra-relógio. Então é aqui que ainda preciso entender como usar um pneu”.