Educação & Cultura
Jogos matemáticos como ferramenta de avaliação nos Anos Finais
Além de divertidos, jogos ajudam o professor a ter uma visão mais integral do desenvolvimento dos alunos, inclusive, em relação a competências socioemocionais
Olá, professora e professor! Após o período diagnóstico, iniciamos o processo de intervenção pedagógica e escolher o modelo de avaliação pode ser um desafio diante da heterogeneidade das turmas, sendo necessário um método avaliativo que permita olhar para cada aluno de acordo com suas especificidades.
É comum, quando o método avaliativo é composto por variadas ferramentas, serem identificadas diversas habilidades, ou seja, é possível perceber de uma maneira mais próxima como cada estudante se desenvolve dentro do estudo dos conteúdos matemáticos, além de ter uma visão integral dos nossos alunos.
Quando pensamos em processo avaliativo, é frequente relacionarmos o termo às provas escritas, com determinado percentual de acerto para aprovação. Porém, a avaliação pode ser constituída por diversas outras ferramentas.
Por exemplo, os jogos podem ser instrumentos para integrar o processo de avaliação, com a finalidade de verificar o que o aluno sabe ou aprendeu, assim como o que para ele ainda representa uma dificuldade. Por isso, quando os jogos são escolhidos como uma das ferramentas de avaliação, é possível, com intencionalidade pedagógica, identificar habilidades que podem não ter sido demonstradas em outros instrumentos mais tradicionais, compondo uma análise mais ampla das potencialidades dos estudantes.
Através dos jogos, colegas, também é possível identificar e desenvolver habilidades relacionadas à elaboração de métodos e processos na análise de possibilidades e tomada de decisões, aspectos indispensáveis para a resolução de problemas. E digo problemas não somente no ambiente escolar, mas também na vida social do estudante, pois contribui com o desenvolvimento da autonomia, característica muito importante para o ser humano.
Jogos ajudam a observar e desenvolver aspectos socioemocionais
Ao inserir jogos no contexto avaliativo, podemos também observar o quanto os alunos avançam em direção a objetivos relacionados às habilidades socioemocionais presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Ao obter sucesso e resolver problemas de maneira criativa, por exemplo, eles podem ganhar autoconfiança na resolução de questões mais complexas. Através de um jogo, que envolve uma competição saudável e trabalho em equipe, é possível verificar e incentivar a capacidade de colaboração e de comunicação.
Outra habilidade que ganha destaque e podemos verificar se está sendo desenvolvida é a resiliência, pois os jogos podem encorajar os alunos na busca por novas estratégias e em várias tentativas para superação de obstáculos. Essas atividades também podem ser bem positivas na construção da empatia, por isso, vale ficar atento à maneira como os estudantes interagem entre si.
Sugestão de jogos para avaliar habilidades dos estudantes
Dessa maneira, com vista a contribuir com o processo de avaliação desse primeiro trimestre, vou compartilhar algumas sugestões de jogos no ensino de Matemática.
Jogo de cartas com racionais fracionários
Com o objetivo de calcular a potência de um racional fracionário positivo e negativo, esse jogo pode ser utilizado nas turmas do 7º ano do Ensino Fundamental. Nas de 8º e 9º anos, pode servir como recurso de revisão de conceitos.
A proposta da atividade é de ser realizada em grupos de três alunos – dois jogadores e um juiz – com 24 cartas, sendo 12 expressões e 12 respostas. O objetivo do jogo é que os estudantes consigam juntar cada expressão à sua resposta, de acordo com as regras sugeridas na descrição completa do material que pode ser acessado aqui.
Nesse jogo, o professor atua como mediador, instrui e avalia o desenvolvimento de cada aluno desde a organização até a conclusão das etapas do jogo. Por exemplo, é possível instigá-los por meio das perguntas de intervenção e realizar verificação do desenvolvimento dos alunos. Nesse caso, a verificação da aprendizagem está fixada na habilidade de compreender e utilizar a multiplicação e a divisão de números racionais, a relação entre elas e suas propriedades operatórias contida na Base Nacional Comum Curricular (EF07MA08).
Quebra-cabeça com expoente inteiro negativo
Esse jogo é realizado em duplas e os alunos recebem as peças já recortadas, pois como é um quebra-cabeça, a descoberta de qual peça se encaixa faz parte do desafio. Nessa atividade, colegas, após os alunos encontrarem os pares do quebra-cabeça, pode ser iniciada a discussão das soluções, momento muito importante, no qual o pensamento crítico é despertado por meio de perguntas que permitem uma reflexão sobre as possibilidades de solução e as utilizadas.
Referente ao conteúdo curricular, esse jogo tem seu objetivo de aprendizagem fixado no conteúdo referente à habilidade de compreender e utilizar a multiplicação e a divisão de números racionais, a relação entre elas e suas propriedades operatórias, disponível com o passo-a-passo aqui.
Tecnologia também pode ser opção
Professora e professor, as duas opções sugeridas acima são jogos que podem ser aplicados e adaptados nas diversas realidades brasileiras, com as sequências descritas de maneira gratuita, com atividades para o antes e depois do jogo e possibilidade de verificação da aprendizagem em todas elas.
Agora, vamos ver um pouco sobre algumas sugestões de jogos que demandam recursos tecnológicos para utilização e são bem-vindos no ensino de matemático.
Math Playground
O Math Playground é um site que conta com diversos jogos matemáticos online, divididos por faixa etária e temas. Há jogos de lógica, pré-álgebra, proporção, geometria e outros que, por meio de um layout lúdico, torna o aprendizado divertido e motivador, além de estimular o raciocínio lógico através do desafio de resolver problemas matemáticos de maneira criativa e analítica. Por isso, podem ser usados em gincanas com fins avaliativos.
Kahoot
O Kahoot é uma plataforma que permite criar questionários interativos de Matemática, onde o aluno pode responder em tempo real. É um recurso digital que contribui com o desenvolvimento da autonomia e engajamento dos alunos, a partir da aprendizagem colaborativa, feedback imediato, estímulo ao raciocínio lógico e motivação para aprender.
WordWall
Essa é uma ferramenta digital com diversas atividades interativas, que podem ser personalizadas para o contexto do ensino de Matemática, por meio do modelo de questionário, associação, roleta aleatória, imagem com legenda, abra a caixa, combine os pares, cartas aleatórias e outros.
Aplicando conceitos matemáticos na prática
Por fim, professora e professor, quando consideramos os jogos no processo de ensino-aprendizagem e avaliação em Matemática, estamos contribuindo para que o nosso aluno aprenda a prática de conceitos através da interação social, de maneira estimulante.
Também é perceptível o desenvolvimento de habilidades cognitivas relacionadas ao raciocínio lógico, resolução de problemas, que talvez não conseguiríamos estimular e nem mesmo avaliar somente com o método tradicional.
Outra característica que chama a atenção ao inserir jogos no ensino de Matemática é o engajamento e motivação para aprender que os alunos demonstram, sem dúvida, esse aspecto é motivador tanto para o aluno, quanto para o professor, inclusive no processo avaliativo. E você, colega, costuma inserir os jogos como ferramenta de avaliação em Matemática?! Conta pra gente! Forte abraço e até a próxima!
Rosiane Prates é professora de Matemática das séries finais do Ensino Fundamental, atua há mais de dez anos na rede pública e já integrou o Comitê de Avaliação do Município de Pinheiros (ES). Em 2022, participou da quarta edição do Mulheres na Ciência e Inovação, programa de formação para pesquisadoras no Brasil realizado pelo Museu do Amanhã e o British Council. Também foi professora-autora no projeto Planos de Aula de Matemática, realizado pela Associação NOVA ESCOLA. Além disso, tem participação como voluntária em projetos socioeducacionais e de empreendedorismo. É licenciada em Matemática e Pedagogia, graduada em Administração, especialista em Ensino e Currículo, em Matemática na Prática e mestranda em Gestão Escolar.