Saúde
Anabolizante aumenta quatro vezes risco de morte prematura; paraibana é autora de resolução que proíbe uso
O risco de morte prematura em usuários atuais ou antigos de esteroides anabolizantes é quatro vezes maior em relação a quem nunca usou, segundo pesquisas do Research, Society and Development Journal. No Brasil, é vedada a prescrição médica de esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com finalidade estética, para ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo.
Isso ficou estabelecido pela Resolução nº 2.333/23 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que completa um ano de vigência no próximo dia 11 de abril. O material tem como autora a endocrinologista Annelise Meneguesso. Ela é coordenadora da Câmara Técnica de Endocrinologia e Metabologia do CFM e conselheira federal pela Paraíba.
“O uso indiscriminado de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes, incluindo a gestrinona, com objetivos estéticos ou para o ganho de desempenho esportivo, é hoje uma preocupação crescente na medicina e para a saúde pública, uma vez que, de acordo com as mais recentes evidências científicas, não existem benefícios notórios que justifiquem o aumento exponencial do risco de danos possivelmente permanentes ao corpo humano em diferentes órgãos e sistemas com sua utilização”, alerta Annelise Menegusso.
Dentre os inúmeros efeitos adversos pelo uso das substâncias estão os cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio, aterosclerose, estado de hipercoagulabilidade, aumento da trombogênese e vasoespasmo, doenças hepáticas como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda e carcinoma hepatocelular, transtornos mentais e de comportamento, incluindo depressão e dependência, além de distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.
A conselheira Annelise Menegusso alerta que é crescente o número de pessoas utilizando tais medicações de forma ilícita e que, “concomitante ao uso de EAA, há um aumento da administração do hormônio do crescimento (GH) de forma abusiva por atletas, amadores e profissionais, como droga ergogênica, motivo pelo qual o GH encontra-se incluído na lista de substâncias anabolizantes (C5) da Anvisa, assim como no rol de drogas proibidas no esporte pela Agência Mundial Anti-Doping (WADA)”.
Segundo ela, drogas ergogênicas tendem a melhorar o desempenho físico retardando a fadiga, impulsionando o ganho de massa muscular (propriedade anabolizante) e a quebra de gordura (propriedade lipolítica). “Infelizmente nos deparamos com inúmeros casos de jovens que acabam morrendo em decorrência do uso indiscriminado dessas substâncias”, destacou.
Fórum – No último dia 3 de abril, Annelise Menegusso ministrou palestra durante o I Fórum sobre o uso de Esteroides Androgênicos Anabolizantes do Conselho Federal de Medicina. O evento debateu temas como a deficiência androgênica do envelhecimento masculino, o doping nos esportes de alto rendimento e os efeitos adversos no uso de anabolizantes, entre outros temas.
“O Fórum possibilitou que especialistas brilhantes de sociedades científicas respeitadas no mundo todo falassem sobre o uso de anabolizantes, expondo os danos adversos e orientando os colegas sobre a importância de se coibir a má prática médica”, disse a coordenadora da Câmara Técnica de Endocrinologia e Metabologia do CFM.