AGRICULTURA & PECUÁRIA
Soja fecha no vermelho em Chicago nesta 3ª feira com derrocada de mais de 4% do óleo
No Brasil, cotações ainda se firmam nos prêmios e na CBOT acima dos US$ 12,00 por bushel
Os preços do óleo de soja despencaram na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (14), encerrando o dia com quase 4% de perdas entre os contratos mais negociados. O vencimento julho perdeu 3,88% para 43,40 cents de dólar por libra-peso e o agosto, 3,71% para 43,71 cents/lp. Rumores sobre decisões do governo de Joe Biden, nos EUA, sobre a taxação do óleo de cozinha usado estão pesando severamente sobre as cotações.
“Essa redução foi impulsionada pelo anúncio de planos dos EUA de impor tarifas sobre uma gama de produtos e setores chineses, totalizando mais de US$ 18 bilhões. Enquanto os investidores assimilam essas notícias, o segmento de óleo de soja enfrenta uma queda notável, refletindo a incerteza em relação às tarifas específicas e seu potencial impacto nas importações e exportações”, informou o time da Royal Rural.
A consultoria complementa dizendo que “um ponto crucial a ser destacado é que a Casa Branca divulgou um lista de produtos que serão tarifados, porém não incluiu óleo de cozinha. Essa omissão teve um impacto direto na queda do mercado de óleo de soja, pois o mercado esperava que o produto poderia ser afetado pelas novas tarifas”.
Na última sexta-feira (10), os futuros do derivado subiram mais de 4% diante da mesma informação, porém, na direção contrária. O mercado especula sobre o pacote de tarifas norte-americano sobre produtos chineses, o qual teria deixado de fora o óleo usado.
Uma notícia da agência internacional Bloomberg, também na última sexta, trouxe a análise de Susan Stroud, analista de grãos da No Bull Ag, de Saint Louis, sinalizando que o mercado vinha recebendo muitos rumores de que novas taxas poderiam ser colocadas sobre o produto, porém, neste início de semana, as informações são outras, tirando a força do óleo em Chicago, ajudando a pesar, inclusive, sobre os preços do grão.
PLANTIO AMERICANO
Os olhos dos traders estão bastante voltados agora para o clima no Meio-Oeste americano, bem como no desenvolvimento do plantio. Ontem, os números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontaram que os traalhos de campo ficaram ligeiramente abaixo das expectativas do mercado.
No caso da soja, a área plantada alcançou 35% e veio abaixo das expectativas do mercado, de 39%. Na semana anterior, o índice era de 25%, no mesmo período do ano passado era de 45% e a média das últimas cinco temporadas de 34%. O boletim informa ainda que 16% dos campos já germinaram, contra 9% da semana anterior e 10% de média.
O estado de Illinois, maior produtor de soja dos EUA, já tem 39% de área plantada, número bem abaixo do registrado no mesmo período de 2024, de 74%. A média para o estado, porém, é de 43%.
Assim, as condições climáticas são acompanhadas de perto, bem como quais serão seus impactos para o caminhar dos trabalhos de campo no país. Os próximos 15 dias deverão continuar sendo bastante chuvosos no Meio-Oeste americano.
Os olhos estão voltados também para o clima no Rio Grande do Sul, já que as chuvas continuam no estado e há ainda muitas áreas de soja que não foram colhidas que continuam submersas.
Assim, os preços da soja na Bolsa de Chicago terminaram o pregão desta terça com perdas de 5 a 7,25 pontos nos contratos principais, levando o julho – que é o mais negociado agora – a US$ 12,14 e o agosto a US$ 12,18 por bushel.
PREÇOS NO BRASIL
No Brasil, os preços acompanharam as baixas em Chicago, que se aliaram ainda as perdas do dólar frente ao real, mas encontrando um suporte ainda importante nos prêmios fortalecidos. Segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, alguns negócios têm ainda acontecido, com os indicativos se mostrando melhores do que nos últimos meses, com Chicago ainda sustentando os US4 12,00 por bushel.
Nos portos, as referências permanecem acima dos R$ 130,00 por saca, com os contratos mais distantes já testando os R$ 140,00, o que garante níveis melhores de rentabilidade aos produtores brasileiros. Os prêmios variaram, nesta terça, de 10 a 70 cents de dólar por bushel sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. Já para a safra nova, apesar de ainda negativos, os prêmios também sinalizaram alguma melhora.