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Lula quer levar crédito por ajuda ao RS com Secretaria da Reconstrução e tenta enfraquecer Leite
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não está medindo esforços para levar o crédito pelas ações de socorro e reconstrução do Rio Grande do Sul, atingido por enchentes históricas. Segundo analistas ouvidos pela reportagem, ações como criar a Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução e dar vouchers de R$ 5,1 mil para 200 mil famílias visam melhorar a popularidade do presidente no país e aumentar as chances do PT nas eleições no Rio Grande do Sul.
Lula anunciou as novas medidas de socorro em uma visita a São Leopoldo, uma das cidades afetadas pelas enchentes, nesta quarta (15). Ele oficializou a criação da Secretaria da Reconstrução, comandada por Paulo Pimenta, que é um candidato em potencial para o governo do Rio Grande do Sul em 2026. A pasta vai atuar como intermediadora do Executivo e do governo do estado gaúcho, além de ficar responsável por fazer anúncios oficiais sobre ações e ajudas que serão disponibilizadas para a reconstrução das áreas atingidas.
O voucher deve destinar R$ 1,6 bilhão para que famílias afetadas comprem camas, fogões e geladeiras. Além disso, o governo Lula já havia anunciado a destinação de R$ 12 bilhões para custear as ações emergenciais de resgate, socorro e recuperação da infraestrutura e R$ 7,7 bilhões para antecipação de benefícios e concessão de créditos para as pessoas das áreas afetadas. O governo até tentou inflar a verba de R$ 7,7 bilhões divulgando uma estimativa de que ela geraria impacto de mais de R$ 50 bilhões na economia do Rio Grande do Sul.
Segundo o consultor da BMJ Consultores Associados Érico Oyama, a criação de uma nova pasta que concentra as ações do governo federal para o Rio Grande do Sul pode ser vista como uma tentativa do Planalto em reivindicar protagonismo no apoio que tem sido prestado aos municípios gaúchos.
“Mostrar agilidade nas ações para dar uma resposta à população e centralizar essas medidas do governo federal, traz protagonismo justamente para reforçar essa tentativa de [Lula] melhorar sua popularidade. Juntando isso ao fato de que o estado do Rio Grande do Sul passa por muitas dificuldades fiscais e financeiras, também veio a calhar [tomar atitudes para mostrar] que o governo federal esteve à frente dessas medidas”, avalia Oyama.
A necessidade da criação da pasta vem sendo contestada por opositores e até aliados, pois a liberação de verbas e coordenação de ações poderia ser feita por meio de ministérios já existentes, como o da Integração e do Desenvolvimento Regional ou o do Desenvolvimento e Assistência Social.
A nomeação do ex-secretário de Comunicação do governo, Paulo Pimenta, gaúcho e provável candidato ao PT ao governo do Rio Grande do Sul em 2026, foi entendida como uma ação de politização da tragédia.