Internacional
ONU Mulheres pede que palestinas liderem ação humanitária em Gaza e Cisjordânia
Relatório Alerta de Gênero ressalta potencial do grupo de oferecer resposta adequada aos desafios de mulheres e meninas na região; publicação recomenda prioridade de apoio e recursos para ações lideradas pelas palestinas; cerca de 80% delas dependem de assistência alimentar somente em Gaza
Um novo relatório das Nações Unidas defende que organizações lideradas por mulheres palestinas sejam colocadas na primeira linha da resposta humanitária em Gaza e na Cisjordânia.
Nesta segunda-feira, a ONU Mulheres publicou o Alerta de Gênero, chamando a atenção para a fraca atuação de entidades femininas em meio à “a terrível situação” enfrentada pelas palestinas. Particularmente em Gaza, cerca de 80% das mulheres dependem de assistência alimentar.
Compreensão única dos desafios enfrentados por mulheres e meninas
De acordo com o relatório, as organizações das palestinas têm “uma compreensão única dos desafios enfrentados por mulheres e meninas na região”, tornando-as mais adequadas para fornecer ajuda vital. Estas entidades atuam com 1.575 pessoas em Gaza e na Cisjordânia.
Pelo menos 89% dos escritórios das organizações pesquisadas foram danificados, com 35% completamente destruídos.
A situação na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, se deteriorou, com mais de 500 mortes e 5 mil feridos registradas desde 7 de outubro, quando Hamas iniciou os ataques ao sul de Israel seguidos pelas retaliações de forças israelenses.
À medida que o número de mortos aumenta, “as grandes necessidades humanitárias continuam a crescer a uma taxa sem precedentes”, em um contexto em que as necessidades já eram terríveis antes da escalada.
Uma mãe e sua filha recebem cuidados no Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, em abril de 2024
Distribuição de ajuda humanitária
O Alerta de Gênero contém um chamado à ação pedindo prioridade de agências internacionais aos papéis das mulheres palestinas na distribuição de ajuda humanitária “promovendo acesso a recursos e à assistência de que elas precisam para lidar efetivamente com a crise em andamento”.
A ONU Mulheres solicita à comunidade internacional e às partes interessadas que atuem com entidades lideradas por mulheres tomando medidas determinantes sobre como financiá-las e ajudá-las a alcançar mulheres e meninas mais necessitadas.
Outra recomendação é defender um maior acesso humanitário, permitindo que as respostas sejam ampliadas e organizações femininas incluídas em todas as estruturas de coordenação humanitária “para garantir uma resposta humanitária verdadeiramente eficaz e inclusiva.”
Escombros substituindo a vida
Em publicação separada, a Agência da ONU de Assistência aos Palestinos, Unrwa, considera a destruição em Gaza indescritível. A agência destaca que a limpeza dos escombros levará anos e a “cura do trauma psicológico da guerra” levará ainda mais tempo.
Mais da metade de todos os edifícios da área foram destruídos, de acordo com o Centro de Satélite das Nações Unidas, Unosat.
Numa descrição feita à realidade de toda a Faixa de Gaza, a Unrwa destaca que “escombros estão substituindo a vida”. A “destruição e morte são as únicas coisas no horizonte” destaca a agência ao destacam que continua a atuação dos seus funcionários prossegue nessas circunstâncias.