Saúde
Canudo ecológico de babaçu muda de cor se bebida estiver vencida
Embalagens ativas levam ao consumidor características agregadas, como propriedades antioxidantes e antimicrobianas obtidas de compostos como a quitosana, a própolis verde e os resíduos de uva. Na imagem, polpa do babaçu utilizada nos canudos
Canudo de babaçu
Os plásticos sintéticos estão entre os maiores vilões do meio ambiente, levando tempo demais para se decompor na natureza. Em busca de alternativas, pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) estão desenvolvendo alternativas biodegradáveis para as embalagens e canudos de plástico, utilizando resíduos agroindustriais e produtos naturais que carregam propriedades antimicrobianas e antioxidantes.
É o que a equipe chama de “embalagens ativas”, já que aprimoram a utilidade para o consumidor agregando características como poderes antioxidantes e antimicrobianos, obtidos de compostos como a quitosana, a própolis verde e os resíduos de uva e jabuticaba.
A novidade mais recente são canudos que utilizam o mesocarpo (polpa) do fruto da palmeira de babaçu, criados pelo pesquisador Luís Fernando Baptista.
Inicialmente, Luís Fernando sintetizou 16 tipos diferentes de filmes plásticos, variando a quantidade de glicerol, o tipo de resíduo usado e a quantidade de extrato adicionado. A composição que manteve melhor equilíbrio entre as propriedades mecânicas e as funções bioativas dos materiais – a que continha o babaçu – foi então selecionada para produzir as alternativas ao canudo plástico.
A proposta de usar o babaçu surgiu porque o material possui boa atividade antioxidante e antimicrobiana, comprovada em pesquisas anteriores da mesma equipe durante o desenvolvimento de embalagens ecológicas. Além dessas propriedades, o fruto garantiu maior insolubilidade aos materiais em comparação com o uso de amidos como o de batata e de milho, “então, para aproveitar essa característica, decidimos testar como um canudo,” contou o pesquisador.
Primeiros rotótipos dos canudos de babaçu e extrato de uva.
Canudo que muda de cor
A equipe ainda conseguiu uma funcionalidade extra para o canudo: A adição do extrato de uva, além de reforçar os benefícios trazidos pelo babaçu, também conferiu aos canudos a capacidade de mudar de cor conforme o pH do líquido. Essa função é dada por componentes da uva como a antocianina, substância natural que apresenta um amplo espectro de cores.
A mudança de cor dos canudos funciona não só como um detalhe estético, mas possibilita a identificação rápida da condição do alimento a ser ingerido. Um exemplo é o aumento de acidez da lactose quando o produto está envelhecendo; “Se ele [o canudo] ficou rosado, por exemplo, é porque o leite estragou,” citou Luís Fernando.
Os protótipos de canudos foram testados em diferentes líquidos com pH variado, como refrigerante, suco de laranja, leite e água. Os resultados foram promissores, mostrando potencial como alternativa viável à versão de plástico sintético.
Embora haja interesse crescente em biomateriais, o pesquisador reforça a necessidade de conscientização para uma adoção mais ampla desses materiais em grande escala pela indústria.