ECONOMIA
Endividamento familiar chega a maior nível desde novembro de 2022, diz CNC
Parcela de brasileiros com dívidas em atraso segue estável
A parcela de famílias com dívidas em maio chegou ao maior patamar desde novembro de 2022 (78,9%), segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O percentual de endividamento entre os brasileiros atingiu 78,8% no último mês.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela CNC nesta segunda-feira (10) apontou para um crescimento de 0,3% na comparação com o mês de abril. Em maio, Roraima apresentou o maior endividamento por estados (89,9%).
Segundo o levantamento, entre a parcela endividada, cerca de 12% afirmaram que não terão condições de pagar as dívidas em atraso. O dado trouxe um leve recuo (-0,1%) em comparação ao mês anterior.
Número de famílias com dívidas em atraso segue estável
A Peic considera qualquer pendência financeira como dívida, mesmo que ela não esteja atrasada (faturas de cartão de crédito ou financiamento). Os dados relacionados somente com as dívidas que não foram quitadas pelas famílias na data correta apontaram para uma manutenção no percentual (28,6%) pelo terceiro mês seguido.
“Isso indica que as famílias estão lidando melhor com o crédito no orçamento familiar, mostrando uma maior consciência no momento de se endividar, aliviando os indicadores de inadimplência”, avaliou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, em nota.
O principal vilão do endividamento segue sendo o cartão de crédito. Em 86,9% dos casos, os endividados possuem pendências deste tipo (queda de −0,2% ante abril). Entre os outros responsáveis estão: carnês (16,2%); crédito pessoal (9,8%); financiamento de carro e casa (8,7%).
Por outro lado, o cheque especial foi um dos tipos de dívidas que fechou o mês em queda. Em maio, o uso da modalidade foi o menor registrado desde 2010 (3,9%).
Após queda em 2023, endividamento anual deve voltar a subir
As projeções da CNC indicam que o aumento do endividamento deve continuar ao longo do ano, chegando em dezembro ao patamar de 80,4%. Por outro lado, as famílias com dívida em atraso devem se manter estáveis pelos próximos dois meses, antes de atingirem 29,4% no final do ano.
Em 2023, o endividamento anual caiu pela primeira vez desde 2019, em uma ligeira queda de 0,1%, fechando em 77,8%. No último ano, somente em outubro e novembro o percentual de famílias endividadas ficou abaixo dos 77%. O menor nível da série histórica iniciada em 2010 ocorreu em 2012 (58,3%).
Durante o último mês, as famílias de renda mais baixa ficaram ainda mais endividadas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados aumentou de 80,4% em abril para 80,9%.