Nacional
Haddad frágil, piora fiscal e inflação põem governo e reeleição de Lula em xeque
O presidente Lula e o ministro Fernando Haddad: piora fiscal, fragilidade do ministro e inflação ameaçam viabilidade do governo e a própria reeleição do presidente
Em seu pior momento desde que assumiu o Ministério da Fazenda, Fernando Haddad tem pela frente um duplo desafio: convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da necessidade do equilíbrio das contas públicas e resgatar sua credibilidade no mercado como fiador do arcabouço fiscal. Caso contrário, o cenário econômico que se configura é arriscado e suas consequências têm potencial de comprometer a reeleição de Lula.
A reação unânime do empresariado e do Congresso contra a Medida Provisória 1.227 – a MP “do Equilíbrio Fiscal” para o governo e “do Fim do Mundo” para os críticos – mostrou o esgotamento da estratégia de Haddad de fazer o ajuste das contas públicas só pela arrecadação. A “sanha arrecadatória” do governo foi criticada até por setores mais alinhados ao governo, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Com a MP, o governo esperava arrecadar mais de R$ 29 bilhões neste ano por meio da limitação do uso de créditos tributários do PIS/Cofins pelas empresas. O objetivo era compensar a renúncia fiscal com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores.
A MP acabou devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), medida considerada drástica que deu o tom da derrota do governo. Foi o primeiro grande revés da agenda econômica. Até então, o Executivo só havia sofrido maiores percalços nas pautas de costumes.
No ano passado, a agenda de Haddad contou com a boa vontade dos parlamentares, que aprovaram medidas que ajudaram a arrecadação crescer 8% em termos reais no primeiro trimestre deste ano. Agora, os parlamentares deram o recado de que não estão dispostos a colaborar com o aumento da carga tributária.