Internacional
Cinco fatos sobre a seca causada pelo El Niño no sul da África
Região enfrenta pior seca em 100 anos, exigindo ações imediatas para salvar vidas e meios de subsistência de milhões; população sofre com insegurança alimentar, desnutrição, escassez de água e surtos de doenças; sem intervenção, situação pode piorar drasticamente em poucas semanas
A região sul da África enfrenta a pior seca em 100 anos, exigindo ações imediatas para salvar vidas e meios de subsistência de milhões. A população sofre com insegurança alimentar, desnutrição, escassez de água e surtos de doenças. Em algumas semanas, essas pessoas podem ficar sem opções para lidar com a situação, pois já estão lutando contra o período de seca induzido pelo El Niño.
O alerta é do Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha, que adiciona que as áreas mais afetadas incluem sudeste de Angola, Botsuana, Lesoto, partes de Madagascar, sul do Malaui, centro de Moçambique, norte da Namíbia, centro da África do Sul, Zâmbia e Zimbábue. Confira cinco fatos sobre a seca na região:
O clima extremo, como a seca generalizada, está causando perdas econômicas entre os agricultores de todo o mundo.
1. Mais de 61 milhões de pessoas no sul da África precisam agora de assistência humanitária urgente.
A seca chegou em um momento em que as pessoas estão lutando com níveis alarmantes de insegurança alimentar causados por eventos climáticos extremos e uma crise climática cada vez mais profunda.
A menos que a resposta seja ampliada com urgência, a situação se deteriorará, com milhões de pessoas correndo o risco de cair em níveis piores de insegurança alimentar aguda, desnutrição e escassez de água.
2. A seca destruiu as colheitas em uma região onde 70% da população depende da agricultura para sobreviver.
O período de seca no meio da estação, o pior em 100 anos, destruiu de 40% a 80% da safra de milho em países como Malaui, Zâmbia e Zimbábue, de acordo com avaliações humanitárias e governamentais.
O El Niño terminou, mas seu impacto terá consequências trágicas nos próximos meses. O aumento da escassez de água continua a afetar a agricultura e a pecuária.
Seca na África terá um impacto negativo sobre a produtividade das principais culturas de cereais, diz um relatório lançado hoje pela OMM.
3. Governos e parceiros soaram o alarme.
Malaui, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue declararam estado de desastre nacional. Outros países provavelmente farão o mesmo após avaliações relacionadas ao El Niño.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral fez um apelo de US$ 5,5 bilhões para ajudar mais de 56,6 milhões de pessoas com ajuda urgente. Isso inclui 3,5 milhões de crianças que precisam de assistência nutricional.
4. A seca causou escassez de água em países que já estão lidando com surtos de cólera.
A grave seca está ocorrendo enquanto a região está enfrentando um dos piores surtos de cólera das últimas décadas. Malaui, Moçambique, Zâmbia e Zimbábue estão entre os oito países mais gravemente afetados do mundo. A escassez de água comprometerá a higiene e o saneamento, o que reverterá os ganhos obtidos no combate aos surtos de cólera.
No Zimbábue, a seca contribuiu para a pior crise de fome em mais de uma década.
5. O período de escassez está se aproximando rapidamente; o tempo é essencial.
O próximo período de escassez, que pode começar em julho, pode agravar significativamente a desnutrição aguda e a escassez de água.
Mulheres e crianças enfrentam riscos exacerbados de discriminação, violência, abuso e exploração. As famílias podem deixar suas casas como um mecanismo de enfrentamento, mas isso torna as crianças mais vulneráveis devido à evasão escolar e à redução do acesso à educação.
A areia é levada pelos ventos sazonais para o interior do sul de Madagascar.
Financiamento para crise
Segundo o Ocha, os trabalhadores humanitários estão fazendo o possível para salvar vidas mesmo com um financiamento extremamente limitado. Porém, se a ajuda não for mantida, milhões de pessoas correm o risco de entrar em condições catastróficas.
Para responder à crise da seca, o Fundo Central de Resposta a Emergências das Nações Unidas liberou mais de US$ 36,8 milhões para apoiar parceiros em vários países do sul da África.
Os trabalhadores humanitários pedem pelo aumento de financiamento para salvar vidas e proteger os meios de subsistência, além de permitir que as comunidades desenvolvam sua resistência contra choques futuros.
As principais prioridades incluem assistência alimentar, água potável para pessoas e animais e insumos agrícolas para aproveitar ao máximo a melhoria das chuvas que provavelmente chegarão no final deste ano com a previsão do evento La Niña.