Saúde
Febre Oropouche: o que é, como se prevenir e quais são os riscos para gestantes?
De janeiro a 6 de julho deste ano, foram registrados 7.044 casos, uma alta de 743% em relação ao mesmo período de 2023
Um aumento significativo no número de casos da Febre Oropouche (FO) e a possibilidade de transmissão vertical da doença, ou seja, a infecção do bebê durante a gravidez, preocupam o Ministério da Saúde. De janeiro a 6 de julho deste ano, foram registrados 7.044 casos, representando uma alta de 743% em comparação aos 835 casos notificados em todo o ano passado.
Segundo a pasta, a transmissão local foi confirmada em 16 estados, além de local provável de infecção em investigação em outros três estados.
Em 2023, o sistema de detecção dos casos da doença foi ampliado para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública. Com a ampliação, os casos, até então concentrados na região Norte passaram a ser identificados em outras regiões do país.
O que é a Febre Oropouche?
A Febre Oropouche é causada pelo arbovírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), identificado pela primeira vez no Brasil em 1960. A doença também foi notificada em outros países da América Latina como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.
A transmissão da FO ocorre principalmente por meio de mosquitos. Após picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no sangue do mosquito por alguns dias. Quando esse mosquito pica outra pessoa saudável, pode transmitir o vírus para ela.
Sintomas
Os sintomas da Febre Oropouche são similares aos da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Outros sintomas incluem tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.
De acordo com estudos, cerca de 60% dos infectados podem apresentar recorrência dos sintomas após 1 a 2 semanas. Os sintomas geralmente duram cerca de 2 a 7 dias, e a maioria dos casos tem evolução benigna e sem sequelas, mesmo nos quadros mais graves.
Tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, não existe tratamento específico para a Febre do Oropouche. A recomendação é que, em caso de sintomas suspeitos, a pessoa procure acompanhamento médico imediatamente. O tratamento visa apenas o alívio dos sintomas. Além disso, ainda não há vacinas que podem ser usadas contra a doença.
Risco para a gravidez
Na última semana, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica recomendando que estados e municípios redobrem a vigilância sobre a possibilidade de transmissão vertical, quando o bebê é infectado durante a gestação, do vírus.
O alerta foi feito depois que o Instituto Evandro Chagas (IEC) identificou anticorpos do vírus em um caso de abortamento e quatros casos de bebês com microcefalia, em estudos conduzidos em junho. Além disso, neste mês, uma investigação de um caso de óbito fetal com 30 semanas identificou traços do vírus em sangue de cordão umbilical, placenta e diversos órgãos fetais. Outros estudos sobre o caso, que incluem análises laboratoriais e dados epidemiológicos, estão em curso.
A pasta pediu que os estados e municípios intensifiquem a vigilância no acompanhamento e desfecho de gestação de mulheres com suspeita de arboviroses, com a coleta de amostras e preenchimento da ficha de notificação. Bem como os casos de aborto, óbito fetal e malformações neurológicas congênitas, incluindo a coleta de amostras de soro, sangue, sangue de cordão, líquor e tecidos para pesquisa de marcadores de infecção.
Recomendações
- Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível.
- Usar roupas que cubram a maioria do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele.
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
- Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.