Educação & Cultura
Centenário de Abelardo da Hora tem debate e oficinas na Funesc
O centenário de nascimento de um dos maiores artistas que o País já teve vai ser comemorado, nesta quarta-feira (31). Abelardo da Hora será tema de uma mesa de debate na Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), a partir das 15h. A entrada é gratuita. O evento irá acontecer no Memorial Abelardo da Hora, localizado no Espaço Cultural José Lins do Rego (avenida Abdias Gomes de Almeida, 800 – Tambauzinho, em João Pessoa).
O Memorial Abelardo da Hora foi inaugurado em 2022. É um museu dedicado à obra desse mestre, com mais de 250 obras, entre esculturas, desenhos, pinturas, gravuras, cerâmicas e tapeçaria. Com coordenação de curadoria e expografia de Daniel da Hora, o MAH (equipamento da Funesc) é o maior museu biográfico sobre um artista expressionista de todas as Américas.
A mesa para o debate terá em sua formação vários especialistas sobre a vida e a obra do artista pernambucano, que tem forte vínculo com a Paraíba (onde se encontra maior parte de suas obras). Participarão do debate Sicília Calado, Paulo Bruscky, José Brito, Moacir dos Anjos, Átila Tolentino e Daniel da Hora.
Sicília Calado – Sicília Calado é doutora em Artes Visuais pela UFRJ, mestre em Artes Visuais pela UFBA, especialista em Arte-Educação e graduada em Educação Artística, Habilitação em Artes Visuais, pela Unimontes. Concluiu Pós-doutorado na University of Texas at Austin em 2019. Atualmente é Professora Adjunta do Departamento de Artes Visuais da UFPB, onde é coordenadora da Licenciatura e do Bacharelado em Artes Visuais e professora do Mestrado do PPGAV UFPB/UFPE. Tem atuado e publicado na área de artes visuais, com foco na teoria e ensino das artes visuais, arte contemporânea e política na América Latina.
Paulo Bruscky – Paulo Bruscky é artista multimídia e poeta. Começou suas pesquisas no campo da arte conceitual nos anos 1960, se consagrando como um dos mais importantes renovadores da arte contemporânea da América Latina. Fez experiências em arte postal, xerox arte, fax arte, instalações, videoarte, filmes de artista, intervenções urbanas, arte sonora, happenings, performances, livros de artista, poesia visual, entre outros. Com trabalhos que apresentavam conteúdo político, o artista lançou, em 1974, o “Manifesto Nadaísta”, uma crítica à ditadura militar da época, e organizou exposições internacionais de Arte Correio na cidade do Recife (PE), em 1975, 1976 e 1978. Realizou mais de 30 filmes de artistas e videoarte e produziu videoinstalações no início dos anos 1980, quando criou o xeroxfilme, com base em sequências xerográficas. Editor e colecionador de livros e documentos sobre arte contemporânea, transfere seu ateliê do Recife para São Paulo em 2004, remontando-o na 26ª Bienal Internacional de São Paulo. Em 1988, para comemorar os 40 anos de carreira de Abelardo da Hora, realizou a curadoria da exposição e publicação do livro “Abelardo de Todas as Horas”.
José Brito – José Brito é professor e historiador da arte da UFAPE e professor do Programa de Pós Graduação em Educação da UFAPE. É doutor em História pela UFPE. É líder do Grupo de Pesquisa CNPQ Insurgências Decoloniais: Artes, histórias e trasnspedagogia. É chefe da Seção de Memória e Patrimônio, da Diretoria de Arte, Cultura e Assuntos Comunitários, na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFAPE. É membro da Associação Nacional de História (ANPUH – PE). É membro do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), Biênio 2023- 2025. É autor do Livro: “Quem se Associa se Afia: a Profissionalização dos Artistas Plásticos de Pernambuco”.
Moacir dos Anjos – Moacir dos Anjos é graduado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco, mestre em Economia pela Unicamp e doutor em Economia pela University of London, com Pós-Doutorado em Arte Transnacional, identidade e Nação na Camberwell College of Arts em Londres. Diretor geral do MAMAM, no Recife entre 2001 e 2006. Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco desde 1990, ocupa hoje o cargo de Coordenador Geral do Museu do Homem do Nordeste. Foi curador da 29ª Bienal de São Paulo em 2010 e das exposições: Arte Subdesenvolvida (2024) CCBB/ SP; Mutirão (2024), que resgata os 60 anos do Movimento de Cultura Popular (MCP), Galeria Vicente do Rego Monteiro/ Fundaj, Recife; Cães sem Plumas (2014), no MAMAM; A Queda do Céu (2015), no Paço das Artes, São Paulo; Adornos do Brasil Indígena – Resistências Contemporâneas (2016), no SESC Pinheiros, São Paulo; Travessias 5 – Emergência (2017), no Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro. É autor, entre outros, dos livros Local/global. Arte em trânsito (Zahar, 2005) e ArteBra crítica (Automática, 2010).
Daniel da Hora – Daniel da Hora é designer, diretor de arte, artista visual, curador e professor do Departamento de Artes Visuais da UFPB. Autor dos livros Imagem – Artes Plásticas, Semiótica e Tecnologia (2007); Semiótica e Publicidade – A questão do índice e as imagens de terceira geração (2014) e Imagem – Por uma semiótica expandida (2016). Premiado, palestrante e jurado de festivais globais de criatividade, como Cannes Lions, Clio Awards, New York Festivals, London International Awards, Ad Stars, El Ojo de Iberoamerica, entre outros. Membro da Academia Internacional de Artes e Ciências Digitais (iADAS); e da Academia de Artes Visuais e Interativas (AIVA). Delegado brasileiro no World Heritage Convention 40th Anniversary Meeting, da Unesco, em Florença, 2012. Neto do artista Abelardo da Hora, assina a curadoria e expografia do MAH -Memorial Abelardo da Hora/ Funesc.
Átila Tolentino – Átila Tolentino é representante oficial do Instituto Brasileiro de Museus. Graduado em Letras Português pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista em gestão de políticas públicas de cultura pela UnB. Mestre e doutor em Sociologia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Membro da Rede de Educadores em Museus da Paraíba-REM/PB. Pesquisador na Rede de Pesquisa e (In)Formação em Museologia, Memória e Patrimônio (REDMus), da UFPB, e no Grupo de Pesquisa Museologias Insurgentes en Nuestra América – MINA, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT).
Oficina – Na semana de comemoração do centenário, o Educativo MAH vai oferecer oficinas gratuitas para crianças. Essas atividades compõem a ação ‘É hora de brincar!’. As oficinas acontecerão nos dias 30 de julho e 1º, 2 e 3 de agosto, no próprio Memorial Abelardo da Hora. Não é necessário fazer inscrição. Basta chegar na hora e se divertir! Confira a programação completa das oficinas abaixo:
30/07 (Terça-feira) – Oficina de gravura/gesso
Manhã (10h às 11h)
Tarde (15h às 16h)
01/08 (Quinta-feira) – Oficina de gravura/carimbo
Manhã (10h às 11h)
Tarde (15h às 16h)
02/08 (Sexta-feira) – Oficina de pose rápida/modelo vivo
Manhã (10h às 11h)
Tarde (15h às 16h)
03/08 (Sábado) – Oficina de pose rápida/modelo vivo
Tarde (16h às 17h)
Quem foi Abelardo da Hora – Abelardo Germano da Hora nasceu em São Lourenço da Mata (PE) no dia 31 de julho de 1924. Escultor, desenhista, gravador, ceramista e professor, é uma das figuras mais importantes das artes plásticas do Brasil. Um artista cuja obra dialoga com a cultura popular, com forte engajamento político.
O contato muito próximo com a família Brennand foi um marco para a carreira de Abelardo, na década de 1940. É nesse momento que ele inicia sua cerâmica artística e elabora suas primeiras obras autorais, com motivos de frutas e regionais. Também na década de 1940, produz diversas gravuras com temática social, sob influência da obra de Candido Portinari.
Na xilogravura ‘Meninos do Recife’ (1962), por exemplo, denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas, apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em cimento.
É o fundador do Movimento de Cultura Popular (MCP), em Recife (PE), que abrange, além das artes plásticas, música, dança e teatro. Abelardo publicou, em 1962, o álbum de gravuras ‘Meninos do Recife’. Em 1986, foi criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, na capital pernambucana.
Comemorou seus 90 anos de vida, em julho de 2014, inaugurando mais um monumento, desta vez dedicado ao futebol, que fica em frente à Arena Pernambuco (estádio construído para a Copa do Mundo FIFA de 2014). Aos 23 de setembro de 2014, Abelardo da Hora, hospitalizado, morre no Recife (PE), por complicações respiratórias.