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Aumento de pesquisas eleitorais na Paraíba em 2024 gera alerta para fraudes
Uma reportagem do jornal O Globo, publicada no último domingo (22), revisitou um fenômeno preocupante: o aumento expressivo no número de pesquisas eleitorais no Nordeste, com destaque para a Paraíba. Segundo dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estado já contabiliza 265 levantamentos em 2024, superando em mais que o dobro os 129 registrados durante as eleições municipais de 2020. Ao lado de Piauí e Pernambuco, a Paraíba se posiciona entre os líderes dessa explosão de sondagens, levantando suspeitas de fraudes eleitorais.
O crescimento abrupto dessas pesquisas gerou inquietação entre autoridades e eleitores, uma vez que a confiabilidade das mesmas pode estar comprometida. A Justiça Eleitoral já foi acionada em várias ocasiões para investigar e intervir em casos de irregularidades, resultando no cancelamento e suspensão de pesquisas. As principais preocupações giram em torno do impacto que essas pesquisas, quando fraudulentas, podem ter no processo eleitoral, especialmente ao influenciar o chamado “voto útil” de eleitores indecisos, distorcendo a percepção pública sobre as reais intenções de voto.
Dentre os casos de fraudes destacados, o município de Bananeiras foi palco de uma situação que exemplifica as suspeitas em torno das pesquisas. Uma sondagem conduzida pelo Instituto de Pesquisa Nacional foi impugnada pela Justiça Eleitoral após o contratante negar ter solicitado o levantamento. A decisão levou à proibição da divulgação dos dados pela Justiça Eleitoral, colocando em xeque a integridade de algumas empresas de pesquisa que atuam no estado.
Outro caso ocorreu em São Bento, onde, no dia 16 de setembro, a Justiça Eleitoral barrou a divulgação de uma pesquisa realizada pelo Instituto Ranking de Pesquisa, alegando falta de transparência e documentação adequada. O mesmo instituto já havia enfrentado sanções em Campina Grande, onde seus levantamentos foram suspensos por motivos similares. O TSE lista o Instituto Ranking como responsável por oito registros de pesquisa, com um gasto de R$ 46 mil declarados como “recursos próprios”.
Uma das questões mais preocupantes levantadas na reportagem de O Globo envolve o autofinanciamento de pesquisas. João Francisco Meira, sócio do Instituto Vox Populi, chamou a atenção para o alto custo de se realizar levantamentos eleitorais e questionou como algumas empresas conseguem arcar com esses valores sem que haja um contratante específico. Segundo ele, o autofinanciamento pode ser um indício de manipulação de dados, visando influenciar o eleitorado de maneira deliberada e sem transparência.
Meira destacou que é incomum que institutos realizem pesquisas sem contar com um cliente ou entidade financiadora para arcar com os custos. A suspeita é de que essas sondagens possam estar sendo produzidas para moldar a opinião pública, favorecendo determinados candidatos e prejudicando outros. Essa prática, se comprovada, não apenas infringe as normas eleitorais, mas também põe em risco a integridade do processo democrático.
O aumento vertiginoso nas pesquisas eleitorais, aliado às preocupações com fraudes e manipulações, traz implicações significativas para o eleitorado da Paraíba e de outros estados do Nordeste. Pesquisas mal-intencionadas têm o potencial de criar falsas percepções sobre a viabilidade de candidatos, levando eleitores a tomarem decisões baseadas em informações distorcidas. A Justiça Eleitoral, embora já tenha agido em casos específicos, enfrenta o desafio de monitorar e coibir tais práticas em meio a um volume crescente de registros.
O cenário exige uma reflexão profunda sobre a responsabilidade dos institutos de pesquisa, bem como a importância de garantir que esses levantamentos sejam conduzidos de maneira ética e transparente. O eleitor, por sua vez, precisa estar atento e buscar fontes confiáveis de informação antes de formar sua opinião.
A situação na Paraíba, em particular, destaca a necessidade de um rigoroso controle sobre as pesquisas eleitorais, especialmente em um ano em que a corrida eleitoral se mostra tão acirrada. A transparência e a integridade do processo eleitoral devem ser prioridades, evitando que manipulações afetem o direito democrático de escolha.
O aumento das pesquisas eleitorais na Paraíba em 2024, embora indicativo de uma maior participação no processo democrático, também acende um alerta para a possibilidade de fraudes e manipulações. O papel da Justiça Eleitoral em coibir essas práticas será crucial para garantir a lisura do pleito. Para os eleitores, é essencial questionar a origem e a credibilidade das pesquisas antes de tomar decisões que possam impactar o futuro de seus municípios.