Segurança Pública
Brasil colocado em grave encruzilhada: entre caças e algoritmos
O paradigma da supremacia militar está mudando rapidamente e isso pode favorecer nações com menos recursos financeiros
A modernização das Forças Armadas Brasileiras está em um ponto crítico. Enquanto o país debate a aquisição de caças multifuncionais supersônicos, uma revolução silenciosa na tecnologia militar ameaça tornar obsoletos esses investimentos bilionários. O cenário atual levanta uma questão crucial: o Brasil realmente precisa de caças para sua força aérea, ou existem alternativas mais eficientes e econômicas?
O custo proibitivo dos caças tradicionais
Os números são preocupantes. Cada aeronave de caça custa aproximadamente US$ 100 milhões, com um custo operacional de US$ 20.000 ou mais por hora de voo. Esses valores astronômicos contrastam drasticamente com as despesas necessárias para se possuir as novas tecnologias emergentes no campo da defesa.
Drones táticos, como o Raven e o Puma com um custo unitário de apenas US$ 100.000, estão revolucionando o cenário. Aliados a plataformas de combate orientadas por Inteligência Artificial (IA), esses equipamentos são capazes de executar de forma ágil missões comparáveis ou até superiores às dos caças tradicionais, oferecendo maior precisão por uma fração do custo. Pode-se colocar dezenas de drones em combate com o mesmo custo de se colocar apenas uma aeronave de caça tradicional.
O futuro já chegou: o drone Valkyrie
Um exemplo impressionante dessa nova era é o drone XQ-58A Valkyrie, recentemente testado pela Força Aérea dos Estados Unidos. Este drone autônomo, desenvolvido pela Kratos Defense & Security Solutions, demonstrou capacidades revolucionárias em testes recentes. O Valkyrie executou com sucesso uma série de manobras complexas, incluindo decolagem, voo e pouso, utilizando apenas inteligência artificial.
Com um valor estimado entre US$ 2 milhões e US$ 3 milhões por unidade, cerca de 1/10 do que vale hoje um caça usado, o Valkyrie oferece uma alternativa significativamente mais econômica aos caças tripulados tradicionais. Sua velocidade, capacidade de operar em ambientes de alto risco sem colocar pilotos em perigo, combinada com sua versatilidade em missões de reconhecimento e combate, ilustra perfeitamente o potencial transformador dos drones avançados no cenário militar moderno.
A nova era do domínio militar
O paradigma da supremacia militar está mudando rapidamente e isso pode favorecer nações com menos recursos financeiros, desde que saibam onde investir. A era do domínio baseado puramente em força de pessoal, quantidade de equipamento, tamanho do orçamento de defesa ou até mesmo proeza nuclear está ficando para trás
Neste novo cenário, a dominação militar é definida por linhas de código executando comandos silenciosamente em um reino digital. Algoritmos estão assumindo funções críticas como comando e controle, estratégia, tática, análise de dados, inteligência, logística, gerenciamento da cadeia de suprimentos, simulação, treinamento, análise preditiva, segurança cibernética, comunicação, segmentação e ataques de precisão.
O novo campo de batalha é digital, e a vitória pertence àqueles que dominam os algoritmos. Uma nação, mesmo que pequena, que consiga desenvolver um software ou um equipamento militar revolucionário pode rapidamente ganhar várias posições na disputa perpétua para se tornar um dos países mais poderosos em cada região.