Educação & Cultura
Final do ano: como celebrar conquistas e engajar as famílias na Educação Infantil
Dicas práticas para fortalecer vínculos, celebrar o aprendizado das crianças e envolver as famílias de forma significativa no encerramento do ano letivo
Olá, queridos professores e professoras! Em toda jornada educativa, temos a clareza do quão fundamental é o envolvimento das famílias. Na Educação Infantil, é possível observar uma participação mais efetiva dos responsáveis, tendo em vista as preocupações que se tem com esse primeiro afastamento do bebê ou da criança pequena de seu núcleo, principalmente, por não conhecerem os cuidadores institucionais.
Por isso, gostaria de compartilhar algumas dicas que podem gerar bons resultados na relação com a família ao longo do ano e também comentar sobre as propostas para o final de ano que serão mais significativas se forem a culminância de um processo construído a várias mãos desde o início do período letivo.
Criar relação de confiança
Esses sentimentos iniciais de insegurança são compreensíveis, mas com o passar do tempo, cabe à escola criar situações para que essa relação se amplie e, assim, o acompanhamento, apenas por receio, ceda espaço para o verdadeiro envolvimento na vida escolar dos filhos, com oportunidade para aprenderem juntos.
Algumas dessas situações podem ser:
- Estabelecer um ou dois canais de comunicação direta com informes e recados gerais, prestação de contas das propostas desenvolvidas em que houve arrecadações ou solicitação de materiais.
- Caderno ou agenda de registros das salas em que sejam anotadas as intercorrências com a criança ao longo do dia e que qualquer profissional, que tenha contato com os familiares, consiga repassar as informações de maneira adequada.
- Investir, com alguma regularidade, na recepção das famílias ao final do dia para que as crianças possam apresentar um pouco do que foi construído e vivenciado.
- De maneira dinâmica, organizar murais nas paredes e espaços externos com imagens e produções feitas pelos pequenos documentando o processo.
Tais ações promovem uma imersão das famílias no processo educativo e, a partir disso, se tem caminhos para torná-las parceiras com outras situações para poderem atuar nas atividades.
Investir na formação dos pais
Talvez, essa seja uma das grandes missões da escola: construir espaços de desenvolvimento para toda a família, pois tendo os responsáveis conhecimentos ampliados sobre as especificidades da infância, a criança terá a oportunidade de boas interações e qualidade de relações para além do período em que está no espaço educacional.
Isso não significa misturar papéis, mas oferecer às famílias informações de fontes seguras sobre as temáticas que fazem parte de cada faixa etária como desfralde, mordidas, educação positiva, importância do brincar, objetivos e fins da etapa da Educação Infantil e outros temas de acordo com as demandas.
Compartilhar evidências palpáveis do desenvolvimento da criança
Sim, ao longo de um ano letivo, um bebê ou uma criança pequena desenvolve uma incontável somatória de habilidades que são próprias de cada fase. Essa jornada é incrível, porém, nem sempre observada e registrada pela família que de tão atravessada nessa experiência, por vezes, não consegue dimensionar a evolução.
Nesse sentido, a escola tem o papel de evidenciar esses marcos que são esperados, mas também ir além: apresentar os avanços das construções vividas no cotidiano da escola e das marcas que foram deixadas pela criança enquanto sujeito que tem voz e que interfere na sua cultura.
Tendo investido nessa relação ao longo do ano, as propostas do período de encerramento podem ser uma verdadeira celebração das conquistas e vitórias que as famílias tiveram a oportunidade de acompanhar e participar de maneira efetiva.
E sobre isso, vejo que é importante desmistificar a necessidade de realizar apresentações de final de ano com longos períodos de ensaio, por vezes, descontextualizados do dia a dia da criança.
Em uma roda de conversa ou fruto das observações diárias, é possível decidir com as crianças que músicas, brincadeiras ou situações do cotidiano gostariam de compartilhar com seus familiares e, então, proporcionar um momento para essa partilha, de maneira simples, sem rigidez e priorizando a linguagem do brincar.
As crianças, advém de famílias que têm suas histórias, suas batalhas, seus despertares super cedo e rotinas que envolvem muito trabalho e, às vezes, grandes deslocamentos. Essa criança não está alheia a essas questões, pelo contrário, ela viveu e sentiu tudo isso, foi afetada e teve suas experiências construídas num todo entre casa e escola.
Então, que tal investir em momentos de integração entre as famílias em que elas possam compartilhar os avanços e superação de desafios que tiveram ao longo do ano?
Se a escola é uma extensão da vida, como seria bom trazer todas essas experiências para uma troca durante um piquenique, não é? Ou ainda, a professora ou professor, conhecendo algumas particularidades, poderia contextualizar com as vivências em sala e, assim, proporcionar que pais, avós, irmãos e outros se vejam educadores também e como essa relação com a escola tem seus estreitamentos na maneira como a criança concebe o mundo à sua volta.
Nesses momentos, sempre existe o alimento como um integrador. Que tal, organizar uma partilha entre as famílias em que cada um traz algo que costuma fazer em casa para o lanche ou café, como aquele bolo que a vovó sabe a receita.
Outra sugestão é aproveitar os talentos dos familiares para música ou um instrumento musical e proporcionar um momento de partilha também desses saberes.
A boa relação com as famílias advém de uma construção diária em que o bem-estar e as aprendizagens de qualidade da criança devem ser a base. Quando a escola consegue se abrir para acolher outros saberes, trazendo os personagens que fazem parte da comunidade e suas experiências que impactam diretamente no desenvolvimento das crianças, essa relação se estreita para uma formação também afetiva e social para todos.
Um abraço e até breve!
Paula Sestari é professora de Educação Infantil da rede municipal de ensino de Joinville (SC), com 10 anos de experiência nessa etapa, e mestre em Ensino de Ciências, Matemática e Tecnologias. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, e foi eleita Educadora do Ano com um projeto na área de Educação ambiental com a faixa etária das crianças pequenas.