CIDADE
Tribunal de Contas da Paraíba cobra explicações de Araruna sobre gastos milionários com festas durante período crítico
O Tribunal de Contas da Paraíba (TCE-PB) apertou o cerco à gestão do prefeito de Araruna, Vital da Costa Araújo, exigindo esclarecimentos sobre o surpreendente aumento nos gastos com festas em 2023. Enquanto o município enfrentava um cenário de adversidades reconhecido oficialmente como crítico, a administração desembolsou mais de R$ 2,2 milhões em festividades. Um salto de impressionantes 88,25% em comparação ao ano anterior.
A notificação foi clara: a prefeitura tem 20 dias para justificar esse rombo alegre no orçamento. O TCE argumenta que esses gastos desproporcionais destoam das prioridades de um município em dificuldades, que deveria focar em saúde, educação e infraestrutura básica.
O decreto estadual que colocou Araruna em situação de emergência não parece ter freado os ânimos da gestão. Em números frios, os gastos festivos do município consumiram o equivalente a 77,85% de todo o orçamento dedicado à educação básica e 28,18% dos recursos direcionados à saúde pública. Sim, quase um terço do que se gastou cuidando da saúde da população foi torrado em luzes, palcos e shows.
E como chegamos aqui? Segundo a Lei Orçamentária de 2023, Araruna tinha à disposição pouco mais de R$ 78 milhões para administrar tudo: da coleta de lixo ao atendimento hospitalar. Desses, uma fatia considerável foi destinada a eventos culturais, mesmo com o município enfrentando desafios estruturais graves. Na ponta do lápis, fica a sensação de um jogo de prioridades que não beneficia quem realmente precisa.
Não há como ignorar os sinais de descompasso entre a realidade enfrentada pela população e as escolhas administrativas. Imagine viver em uma cidade que gasta quase R$ 2,3 milhões com festas enquanto falta medicamento nos postos de saúde ou material nas escolas. É esse tipo de contraste que levanta dúvidas, alimenta polêmicas e desgasta a relação entre governo e governados.
O TCE não apontou irregularidades diretamente, mas o aviso é claro: ou o gestor municipal apresenta argumentos convincentes, ou pode enfrentar sanções que vão desde multas pesadas até a necessidade de readequar futuros orçamentos.
O caso de Araruna levanta uma questão que ecoa em muitas cidades brasileiras: o que realmente deve ser prioridade em tempos difíceis? Festas movimentam a economia local, geram empregos temporários e trazem alegria. Mas será que justificam investimentos tão altos em detrimento de áreas essenciais? Essa é a pergunta que os cidadãos de Araruna, assim como o Tribunal de Contas, esperam que Vital da Costa responda com clareza.
A fiscalização precisa ir além de números e relatórios. É hora de um debate mais sério sobre como recursos públicos são aplicados. Afinal, o dinheiro é do povo, e a festa deveria ser para ele — não apenas um espetáculo que mascarasse as reais necessidades do município.