Politíca
Padrinhos políticos: quando o ego fala mais alto que o povo
Por Roberto Tomé
Política é guerra de egos. Em muitas cidades brasileiras, padrinhos políticos e seus apadrinhados travam batalhas surdas, onde o poder e o controle são as verdadeiras moedas de troca. E, olha, não pense que isso é só sobre apoiar uma candidatura — é sobre segurar as rédeas de quem foi eleito. Um jogo que mistura ambição, desconfiança e, claro, aquela pitada de vingança.
De um lado, os padrinhos. Sempre prontos para soltar frases como: “Você só está aqui porque eu te ajudei”. E, muitas vezes, não estão errados. Mas e o custo disso? Quem ganha uma eleição tem que carregar nas costas o ego alheio? Parece que sim. Os padrinhos vão exigindo cargos, favores e fidelidade. Sempre na expectativa de que o prefeito eleito vire um fantoche — um boneco sob controle remoto.
Do outro lado, os prefeitos. Aqueles que precisam provar para si, para a população e, às vezes, para o padrinho, que não é apenas um produto de marketing político. Mas há um dilema: como ser independente quando o padrinho quer meter a colher em tudo, desde as contratações até a cor das faixas de pedestres?
Essa relação é mais instável que casamento em reality show. Conflitos estouram nos bastidores. Familiares dos padrinhos, que antes achavam irem ter cadeira cativa no governo, começam a reclamar. “Fulano não é mais o mesmo”, dizem pelas costas. O apadrinhado, por sua vez, tenta se esquivar. E quando o bicho pega? Alguns padrinhos se afastam, mas só para assistir ao caos de longe — quem nunca viu isso?
Enquanto isso, quem realmente paga o preço dessa novela são os cidadãos. Políticas públicas engavetadas, obras paradas, promessas esquecidas. Tudo porque o padrinho e o apadrinhado não conseguem decidir quem manda. E, no fim das contas, a população fica a ver navios, esperando que alguma coisa útil aconteça.
E quando o afilhado decide peitar o padrinho? A coisa pode sair do controle. De um lado, o padrinho vê seu capital político desmoronar. De outro, o prefeito enfrenta retaliações que complicam ainda mais sua gestão. Ninguém ganha. Quer dizer, quase ninguém — os adversários políticos adoram.
Mas calma, não é só desgraça. Há exemplos de prefeitos que conseguem romper esse ciclo vicioso. Alguns conquistam independência, mostram competência e, surpresa ganha o respeito da população. Infelizmente, isso ainda é exceção, não regra. E os padrinhos? Bem, alguns aprendem a ficar na deles, outros apenas aguardam a próxima eleição para emplacar outro afilhado.
O futuro? Instável. As alianças de hoje podem ser as traições de amanhã. Mas uma coisa é certa: a população precisa abrir os olhos e exigir mais. Chega de assistir de camarote enquanto padrinhos e apadrinhados brincam de guerra de poder. A pergunta que fica é: quando vamos parar de ser meros espectadores e começar a cobrar quem realmente deveria trabalhar para o povo?