Segurança Pública
Marinha coloca o Brasil na vanguarda das pesquisas sobre o fenômeno natural mais crítico da história
A pesquisa na Antártica, com o suporte dado pelos militares da Marinha do Brasil, é uma janela para entender melhor as mudanças que afetam nosso planeta
Estudar as diversas regiões da Antártica, um continente isolado e pouco explorado, é fundamental para responder a questões contemporâneas, especialmente em relação às mudanças climáticas. Com o apoio da Marinha do Brasil (MB), cientistas brasileiros estão desvendando enigmas ambientais, sociais e tecnológicos num ambiente que é particularmente vulnerável às variações climáticas. Esses estudos são essenciais, pois muitos organismos que habitam a Antártica são endêmicos, ou seja, ocorrem exclusivamente nessa região.
O professor Luiz Henrique Rosa, doutor em microbiologia e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), lidera um grupo que investiga esses organismos como modelos para entender os efeitos das mudanças climáticas.
Ele alerta que os impactos observados na Antártica podem ter repercussões no Brasil, como o surgimento de pragas agrícolas ou doenças, devido à presença de organismos desconhecidos que permanecem congelados e dormentes na região.
O conhecimento sobre a biologia desses organismos pode oferecer vantagens preventivas diante do aquecimento global.
A Marinha está na Antártica há mais de 40 anos
Essas pesquisas são realizadas por meio do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), que completou 43 anos de existência. Criado em 12 de janeiro de 1982, e sob a coordenação da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM) da Marinha do Brasil, o PROANTAR tem sido crucial para garantir o protagonismo do Brasil nos estudos sobre a Antártica e seus fenômenos naturais, que afetam todo o planeta, especialmente o Hemisfério Sul.
A Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), localizada na Ilha Rei George e com 41 anos de operação, é uma base fundamental para as pesquisas. A EACF acomoda até 64 pessoas e oferece instalações de qualidade e eficiência energética, permitindo a realização de pesquisas em ambiente seguro e sustentável.
O suporte da EACF possibilita que o grupo liderado pelo professor Rosa estude organismos antárticos como potenciais desenvolvedores de bioprodutos úteis para a economia e a sustentabilidade.
Alguns desses organismos já demonstraram capacidade de produzir herbicidas menos agressivos e antibióticos que podem ajudar no combate a doenças tropicais.
A relação da sociedade com a Antártica
Conforme publicado no site da Marinha do Brasil, em 6 de outubro de 2024, a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar deu início à 43ª Operação Antártica (OPERANTAR XLIII).
O edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) contemplou 29 projetos de pesquisa, dos quais 24 estão sendo atendidos nesta operação, envolvendo 171 pesquisadores.
Durante aproximadamente seis meses, a Marinha apoiará esses cientistas nas atividades realizadas na Estação Comandante Ferraz e em acampamentos científicos.
Um dos projetos em destaque busca compreender a relação da sociedade com a Antártica. Os pesquisadores Andres Zarankin, Melisa Salerno, María Jimena, Gerusa Radicchi, Alex Martire e Fernanda Codevilla analisam temas como relações internacionais, política, defesa, economia e turismo na região.
O imprescindível apoio dos militares
Outro projeto do pesquisador Marcelo Soller Ramada visa ampliar o conhecimento sobre a composição genética de musgos polares para entender melhor suas respostas ao estresse ambiental. Este estudo busca sequenciar o genoma de dez espécies oriundas da região antártica e do Ártico.
Essas iniciativas ressaltam não apenas a importância das pesquisas científicas na Antártica para o Brasil, mas também seu papel no Tratado da Antártica, garantindo que o país participe ativamente das decisões sobre o futuro desse continente crucial para o equilíbrio climático global.
A pesquisa na Antártica, com o suporte dado pelos militares da Marinha do Brasil, é uma janela para entender melhor as mudanças que afetam nosso planeta e para desenvolver soluções sustentáveis frente aos desafios ambientais contemporâneos.