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Equipe econômica enfrenta rachas e desafios internos no governo Lula
Quem vê de fora acha que o problema é só marketing. Mas, no governo, a equipe econômica anda com um nó na garganta — e não é por falta de talento. A questão vai muito além de discursos bonitinhos ou vídeos animados. É bagunça estrutural mesmo. Tem ministério que não conversa com o outro, decisões que levam meses para sair, e, no meio disso, a economia patina.
Olha só o caso do Pix: em um dia, a Receita Federal solta uma norma para rastrear operações suspeitas. No outro, desinformação explode nas redes, e o governo recua correndo. Uma confusão que parece coisa de amador. É um exemplo de como o caos interno vira combustível para polêmicas desnecessárias.
E tem o pacote fiscal. Ah, o pacote fiscal… Era esperado como a salvação da lavoura. Saiu tarde, com medidas murchas, sem graça. Resultado? Decepção geral. Economistas, investidores e até aliados do governo torceram o nariz. E o recado foi claro: ninguém mais está com paciência para esperar por grandes viradas que nunca vêm.
Nesse cenário, Fernando Haddad tenta jogar água no incêndio. Ele virou o porta-voz otimista, destacando o crescimento do PIB, a queda no desemprego e o combate à pobreza. Mas discurso sozinho não resolve. Investidores querem confiança, e ela anda em falta.
Haddad tem corrido mundo afora, conversando com fundos de investimento, tentando mostrar que o Brasil ainda é um lugar seguro para colocar dinheiro. Parece promissor, mas isso só funciona se o resto do governo parar de tropeçar-nos próprios pés.
Um teste importante para a equipe econômica será a emissão de títulos no mercado externo em 2025. As condições lá fora estão um pouco melhores, mas não dá para brincar: o volume deverá ser menor que os US$ 4,5 bilhões captados em 2024. Menos risco, menos ambição. É o reflexo da cautela — ou da falta de confiança.
Outro desafio urgente é consertar a relação com o setor privado. Sem um diálogo aberto, empresários continuam com um pé atrás. E convenhamos ninguém quer investir em um país onde as regras mudam conforme o vento.
A chegada de Sidônio Palmeira à Secretaria de Comunicação Social traz esperança de um tom mais ajustado. Mas sejamos francos: não adianta só mudar o porta-voz. É o time inteiro que precisa entrar em sintonia. Sem uma estratégia unificada, o governo segue vendendo um produto que ninguém quer comprar.
Lula tem um jogo delicado nas mãos. Os desafios são grandes, mas há potencial para virar o placar. Só que, para isso, é preciso coragem para organizar a bagunça interna, coordenar decisões e mostrar, com ações concretas, que o Brasil está no caminho certo. Porque, no final das contas, palavras bonitas não enchem carrinho de supermercado.