Internacional
Permanência de Israel no Líbano após prazo de retirada gera tensões e mortes
Acordo de cessar-fogo assinado em novembro previa saída de forças israelenses até domingo; pelo menos 22 libaneses que retornavam para suas casas foram mortos e outros 124 feridos no fim de semana; representantes da ONU pedem novo compromisso urgente de ambos os lados
Altos funcionários da ONU declararam que os prazos estabelecidos no acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo armado Hezbollah, firmado em 27 de novembro, não estão sendo cumpridos.
Em declaração conjunta neste domingo, a coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, e o comandante da Força Interina das Nações Unidas no Líbano, Unifil, Aroldo Lázaro, pediram um novo compromisso urgente de ambos os lados.
22 pessoas mortas no sul do Líbano
O acordo de novembro previa a retirada total das forças israelenses até este domingo. Mas Israel alertou os civis libaneses para não retornarem para suas casas no sul neste fim de semana, declarando que não se retiraria devido a supostas violações dos termos do cessar-fogo.
Segundo agências de notícias, pelo menos 22 pessoas foram mortas e mais de 124 foram feridas pelas Forças de Defesa de Israel na região.
Os altos funcionários da ONU ressaltaram que ainda não existem condições para o retorno seguro dos cidadãos às suas aldeias ao longo da Linha Azul, a zona de fronteira entre Israel e o Líbano. A área é patrulhada pela ONU conforme determinado pela resolução 1701 do Conselho de Segurança, de 2006.
Uma criança de 5 anos caminha entre as ruínas de casas no sul do Líbano
Tentativa de encerrar “um capítulo sombrio”
A nota afirma que violações a esta decisão continuam sendo “registradas diariamente”. Hennis-Plasschaert e Lázaro defendem que o cumprimento do acordo de novembro e a implementação completa da resolução constituem a “única maneira de encerrar o recente e sombrio capítulo do conflito”.
Em comunicado, a Unifil afirmou que as Forças de Defesa de Israel devem evitar disparar contra civis dentro do território libanês. A Missão da ONU ressaltou que mais violência corre o risco de “prejudicar a frágil situação de segurança na região e as perspectivas de estabilidade”.
A Unifil declarou estar muito preocupada com relatos de civis libaneses retornando a aldeias onde as Forças de Defesa de Israel ainda estão presentes.
A pedido das Forças Armadas Libanesas, LAF, as tropas de paz da ONU estão sendo enviadas para áreas indicadas para monitorar a situação e ajudar a evitar qualquer escalada adicional. No entanto, a gestão de multidões permanece fora do mandato da missão.
Muita coisa mudou desde o cessar-fogo
A coordenadora especial e o comandante da Unifil afirmam que muita coisa mudou no Líbano desde que o acordo de cessar-fogo entrou em vigor na madrugada de 27 de novembro de 2024.
Para eles, a violência diminuiu drasticamente. Em muitas áreas do sul do Líbano, milhares de pessoas puderam retornar às suas cidades e aldeias.
As Forças Armadas Libanesas se deslocaram para posições das quais as Forças de Defesa de Israel, estão se retirando. Com o apoio da Unifil, o exército libanês está ajudando a restaurar os serviços e facilitando o acesso humanitário às comunidades mais afetadas pelo conflito.
Além disso, o processo de formação do governo em andamento, após a eleição de um presidente e a designação de um primeiro-ministro, é considerado pela ONU um passo crítico na construção da confiança entre os cidadãos libaneses e o Estado.