Politíca
Veneziano e a polêmica dos 143 prefeitos: estratégia ou exagero?
O senador Veneziano Vital do Rêgo, nome já consolidado na política paraibana, resolveu acender os holofotes novamente. Depois de uma campanha frustrada ao governo do estado e do insucesso de sua esposa em conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa, Veneziano agora protagoniza uma controvérsia que tem feito barulho nos corredores políticos: o apoio de 143 prefeitos. Isso mesmo, segundo ele, mais da metade das lideranças municipais da Paraíba está de mãos dadas com suas pretensões futuras. Mas será?
Os números apresentados por Veneziano despertaram mais dúvidas do que certezas. Para quem acompanha o cenário político local, a matemática não bate. O MDB, partido ao qual o senador é filiado, tem apenas 23 prefeitos eleitos no estado – um número distante da robustez que Veneziano sugere. Isso sem falar que muitas dessas prefeituras estão concentradas em pequenos municípios, o que, politicamente falando, não representa um impacto tão significativo no tabuleiro eleitoral.
A partir daí, fica a pergunta: de onde saíram esses 143 prefeitos? Os aliados, é claro, defendem a narrativa, afirmando que Veneziano tem capacidade de diálogo e vem conquistando apoio de lideranças que, oficialmente, pertencem a outras legendas. Faz sentido? Até faz, mas na política, conquistar apoio é bem diferente de garantir fidelidade, especialmente num cenário como o da Paraíba, onde alianças são feitas e desfeitas na velocidade de um estalar de dedos.
Por outro lado, a oposição não perdeu tempo. Para os adversários, Veneziano está inflando números e construindo um cenário que beira o irreal. Eles veem a declaração como um movimento desesperado para reerguer sua imagem após as recentes derrotas. O tom irônico nas críticas é evidente: dizem que, no momento, o senador precisaria mais de consistência política do que de números fabricados. Falam até em “cortina de fumaça” para distrair o público de sua fragilidade eleitoral.
O que não dá pra negar é que a política paraibana é um verdadeiro campo minado. Por aqui, a coerência entre discurso e prática é um artigo raro. Prefeitos e lideranças locais, muitas vezes, jogam em mais de um time ao mesmo tempo, movido por interesses pragmáticos. Hoje apóiam um senador, amanhã um governador, dependendo do que está em jogo. Veneziano pode até ter conseguido arrancar promessas ou sinais de simpatia, mas promessas, na política, são tão concretas quanto fumaça.
Outro ponto interessante é o momento escolhido para soltar essa declaração. Veneziano está claramente em busca de reposicionar seu nome no cenário político estadual. Ele sabe que, após as derrotas consecutivas, precisa mostrar relevância. Mas será que um discurso tão cheio de lacunas foi à melhor estratégia? Pode ser que sim, caso ele consiga dar um novo fôlego à sua carreira política. Mas pode ser um tiro no pé, caso fique evidente que os números apresentados não têm base sólida.
E, enquanto isso, o eleitor paraibano observa. Esse tipo de movimentação muitas vezes passa batido para quem está mais preocupado com problemas reais, como saúde, segurança e educação. Porém, para os que acompanham o jogo político, as manobras de Veneziano servem de lembrete sobre o que mais importa: a credibilidade. Sem ela, qualquer discurso, por mais impactante que pareça, perde força.
No fim das contas, o que fica é a sensação de que Veneziano está tentando dar a volta por cima, mas talvez tenha subestimado a inteligência de quem assiste ao jogo. Se ele tem realmente os 143 prefeitos ao seu lado, que prove. Porque, até agora, parece que estamos lidando mais com números imaginários do que com alianças concretas. E, em política, promessas vazias não pagam as contas – nem garantem votos.