ECONOMIA
Juros em Alta: Copom Endurece Política Monetária e Mercado Reage
O Banco Central do Brasil reforçou sua postura mais rígida ao elevar a taxa Selic para 13,25% ao ano, conforme indicado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento destaca o cenário inflacionário desafiador e aponta para a necessidade de medidas mais duras para conter a alta dos preços.
A decisão de aumentar os juros foi tomada com base em três fatores principais: inflação acima da meta estabelecida, dinamismo da atividade econômica e um mercado de trabalho ainda aquecido. Além disso, a incerteza no cenário internacional, especialmente nos Estados Unidos, também pesou na avaliação do Comitê.
Mesmo diante de uma política monetária mais restritiva, o consumo das famílias e a demanda interna seguem em crescimento, sustentando a pressão inflacionária. O mercado de trabalho mantém níveis elevados de ocupação e reajustes salariais reais, dificultando o arrefecimento dos preços. Paralelamente, a política fiscal expansionista e o aumento do crédito também impulsionam a economia.
As projeções de inflação foram revisadas para cima, com estimativas de 5,2% para 2025, ultrapassando o teto da meta de 4,5%, e 4% para o terceiro trimestre de 2026. O Copom alertou que as expectativas de inflação continuam desalinhadas, tornando o controle dos preços mais complexo. Diante disso, um novo aumento de 1 ponto percentual na Selic não está descartado na próxima reunião, o que elevaria a taxa de juros para 14,25% no primeiro trimestre de 2025. A decisão dependerá do comportamento da inflação, das projeções de mercado e da volatilidade do câmbio.
No cenário externo, a instabilidade persiste, com incertezas sobre a condução da política monetária dos Estados Unidos e seus efeitos sobre os fluxos de capital para economias emergentes. O Copom enfatizou que seguirá acompanhando os desdobramentos globais para ajustar sua estratégia conforme necessário.
Enquanto isso, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice de Preços ao Produtor (IPP) referente a dezembro de 2024, registrando uma alta de 1,48% em relação ao mês anterior. No acumulado do ano, o índice atingiu 9,42%, um dos maiores desde o início da série histórica. Esse aumento pode impactar a inflação ao consumidor nos próximos meses, caso os custos de produção sejam repassados ao longo da cadeia produtiva.
Nos Estados Unidos, o Bureau of Labor Statistics apresentou os números do relatório JOLTs referentes a dezembro, com 8,098 milhões de vagas de emprego disponíveis, indicando um mercado de trabalho ainda robusto. Esse cenário pode dificultar uma redução dos juros pelo Federal Reserve, prolongando a política monetária restritiva.
O impacto das recentes movimentações monetárias também foi sentido nos mercados financeiros. O dólar registrou uma queda de 0,35%, fechando a R$ 5,8160, enquanto o índice Bovespa (B3) recuou 0,13%, encerrando o pregão aos 125.970,46 pontos.
Com um cenário interno ainda pressionado pela inflação e a taxa de juros em patamar elevado, os próximos meses serão decisivos para avaliar os efeitos das medidas adotadas pelo Banco Central. O mercado segue atento às decisões futuras e seus impactos sobre a economia brasileira.