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Idadismo ou etarismo: O preconceito silencioso que afeta milhões e precisa ser combatido
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O preconceito contra a idade é uma das formas mais insidiosas de discriminação, enraizada em falas cotidianas, políticas institucionais e na própria autopercepção das pessoas. Conhecido como idadismo ou etarismo, esse comportamento reforça estereótipos negativos e priva milhões de direitos fundamentais. O impacto? Autoestima destruída, exclusão social e prejuízos diretos à saúde mental e física.
Para combater essa realidade, a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, lançou a campanha “Respeito a todas as fases da vida”. A iniciativa, que ocorre no Junho Violeta, tem como foco a conscientização sobre todas as formas de violência contra a pessoa idosa.
A cultura do idadismo: frases que moldam comportamentos
“Você já passou da idade para isso”. “Muito jovem para assumir essa responsabilidade”. “Velho demais para aprender algo novo”. Essas frases, aparentemente inofensivas, ajudam a perpetuar um ciclo de exclusão e desvalorização. O idadismo pode se manifestar em três esferas principais:
- Institucional: quando empresas e organizações impõem barreiras baseadas na idade, como limite para contratação ou aposentadoria compulsória.
- Interpessoal: quando pessoas fazem julgamentos ou tratam outras de maneira diferente devido à idade.
- Internalizado: quando o próprio indivíduo assume a crença de que está incapaz de algo por conta da idade.
O Secretário Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, alerta para a necessidade de mudança cultural: “Quando a própria pessoa idosa acredita que não é mais capaz, temos um fracasso coletivo. Significa que as políticas públicas falharam e que a sociedade como um todo precisa rever seus valores”.
As mulheres são as maiores vítimas
O idadismo não afeta todos da mesma forma. Segundo o Relatório Mundial sobre o Idadismo, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mulheres são as mais impactadas. A pressão estética e os padrões sociais impõem a elas a necessidade de disfarçar os sinais do envelhecimento, enquanto os homens, muitas vezes, são percebidos como mais experientes e respeitados com o passar dos anos.
Além disso, mulheres enfrentam uma sobrecarga de responsabilidades ao longo da vida e, na terceira idade, podem sofrer com o abandono, a falta de suporte financeiro e a desvalorização de suas contribuições para a sociedade.
Números alarmantes: o idadismo no Brasil
Os dados do Disque 100 revelam uma realidade preocupante: em 2023, das 88.408 denúncias de violação de direitos contra idosos, a maioria envolvia negligência e maus-tratos. Isso significa que, para muitos, o envelhecimento é sinônimo de abandono e desrespeito.
A ONU reconheceu a gravidade desse problema e, desde 2011, estabeleceu o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data visa sensibilizar governos e sociedade civil sobre a urgência de combater essa forma de discriminação.
A solução: educação e legislação mais rigorosa
A mudança passa pela educação e pelo fortalecimento de políticas públicas. O Relatório Mundial sobre o Idadismo, publicado pela OMS, propõe quatro frentes para o combate ao problema:
- Revisão das leis: criminalização de práticas discriminatórias contra idosos.
- Educação: conscientização desde a infância sobre os impactos do idadismo.
- Interação entre gerações: projetos que incentivem a convivência entre jovens e idosos.
- Monitoramento da mídia: combate à propagação de estereótipos negativos sobre o envelhecimento.
O Junho Violeta é um passo importante nessa direção, mas a transformação real exige compromisso coletivo. O respeito às diferentes fases da vida não é uma concessão: é um direito fundamental. Quem hoje discrimina, um dia será alvo do mesmo preconceito. A pergunta é: você está pronto para enfrentar essa realidade ou prefere ser parte da mudança?