Nacional
Brasil tem sua pior nota em índice de percepção da corrupção em 2024
Ranking da Transparência Internacional mostra que país está na 107ª posição entre 180 nações; ONG diz que silêncio de Lula sobre o tema e imbróglio de emendas são retrocessos
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O Brasil atingiu em 2024 a sua pior colocação no Índice de Percepção da Corrupção divulgado nesta 3ª feira (11.fev.2025) pela Transparência Internacional. Conforme a ONG, o país está na 107ª posição em um ranking com 180 nações.
- o que avalia a Transparência Internacional – o IPC ou Índice de Percepção da Corrupção mede a impressão de especialistas e empresários sobre o nível de corrupção no setor público de cada país. São atribuídas notas em uma escala de 0 a 100. Quanto maior a nota, melhor é a percepção de integridade-a do Brasil foi 34. É uma compilação de opiniões. Para um levantamento com algum grau de confiabilidade, seria necessário fazer uma avaliação rigorosa sobre os resultados das investigações sobre corrupção em cada país, e sobre o empenho e a independência de quem investiga.
Leia a íntegra do relatório:
O Brasil perdeu 2 pontos e caiu 3 posições no ranking em relação ao resultado de 2023. O melhor resultado havia sido registrado em 2012, ano em que iniciou a série histórica, e em 2024 –obteve 43 pontos e ficou em 69º nos 2 anos.
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O índice de 2024 é liderado pela Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88), Singapura (84), Nova Zelândia (83) e, empatados com 81 pontos, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Do outro lado do ranking estão Sudão do Sul (com 8 pontos), Somália (9), Venezuela (10), Síria (12) e, empatados com 13 pontos, Guiné Equatorial, Eritréia, Líbia e Iêmen.
“Em 2024, o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. Ao contrário, o que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência de que estamos entrando no estágio avançado desse processo vai se tornando clara: a presença crescente e explícita do crime organizado nas instituições estatais, que anda de mãos dadas com a corrupção”, disse Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional – Brasil, no documento divulgado pela ONG com os resultados do levantamento.
Leia no gráfico abaixo o ranking completo ou clique aqui (para reordenar as colunas, basta clicar com o cursor do mouse ou com o dedo, caso esteja usando um smartphone ou tablet).
AVANÇOS E RETROCESSOS
A ONG listou as medidas que considera relevantes para a transparência pública e o combate à corrupção no relatório “Retrospectiva Brasil 2024”. O documento apresenta também recomendações aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público.
Para a Transparência Internacional, o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a pauta anticorrupção é um dos principais fatores que indicam um retrocesso sobre o assunto no país. A ONG cita também como pontos negativos:
- renegociação de acordos de leniência para beneficiar empresas envolvidas em corrupção, em processos expostos a conflitos de interesses, sem transparência e sem participação das vítimas dos esquemas;
- a permanência no cargo do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa;
- retomada da influência no governo de empresários que confessaram esquemas de corrupção e permanecem impunes, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F;
- falta de transparência e condições de controle social no Novo PAC;
- percepção de crescente ingerência política na Petrobras; decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli com impacto sistêmico e internacional de impunidade e inércia da Corte em colocar a julgamento recursos da PGR contra tais decisões;
- episódios de conflito de interesse de magistrados, principalmente em julgamentos envolvendo bancas de advogados de parentes e em eventos cada vez mais frequentes de lobby judicial;
- institucionalização da corrupção em larga escala com a persistência, agigantamento e descontrole das emendas orçamentárias, em franca insubordinação às decisões do STF;
- aprovação da chamada PEC (proposta de emenda à Constituição) da anistia aos partidos políticos que descumpriram a destinação mínima de recursos para candidaturas de mulheres e pessoas negras.
Entre os pontos destacados pela Transparência Internacional como positivos para o combate à corrupção, estão as recentes decisões do ministro do STF Flávio Dino sobre novas regras para dar transparência e permitir o rastreamento das emendas de congressistas.
A ONG lista também:
- lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027 pela CGU (Controladoria-Geral da União);
- o fato de Portal da Transparência passado a divulgar dados, ainda que parciais, sobre benefícios e renúncias fiscais, um dos principais avanços para a transparência pública dos últimos anos;
- esforços de fiscalização resultaram na queda do desmatamento e na redução da exploração ilegal do ouro, assim como ações da Enccla (Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro) avançaram em instrumentos de combate à corrupção ambiental;
- investigações contra redes de corrupção de juízes avançam de forma inédita, embora ainda sob riscos de obstruções à apuração do envolvimento de integrantes de tribunais superiores.
Pesquisa realizada de 25 a 27 de janeiro de 2025 também apontou o aumento da percepção dos brasileiros sobre a corrupção no país. O levantamento mostrou que 45% dos entrevistados avaliam haver mais casos de corrupção no Brasil em relação a janeiro de 2024. A taxa subiu 6 pontos percentuais em 1 ano. O grupo dos que dizem que a corrupção diminuiu era de 30% há 1 ano. Caiu para 24%. Outros 23% afirmaram que “ficou igual” e 8% não souberam responder.
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A pesquisa foi realizada com recursos próprios. Os dados foram coletados de 25 a 27 de janeiro de 2025, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Ao todo, foram realizadas 2.500 entrevistas em 219 municípios distribuídos pelas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. Entenda a metodologia.
RECLAMAÇÕES DO GOVERNO
Em 2024, integrantes do governo Lula questionaram os resultados apresentados no Índice de Percepção da Corrupção de 2023. Naquele ano, o levantamento publicado em 30 de janeiro mostrou o Brasil com 36 pontos e na 104ª posição do ranking com 180 países.
Leia a íntegra do relatório:
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou em 2024 que a Transparência Internacional tem “longa trajetória de desinformação” e que o relatório sobre o governo Lula “passou dos limites”. O então ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta, compartilhou publicação do ministro da CGU (Controladoria Geral da União), Vinicius Carvalho, que colocava em dúvida a metodologia do ranking.
“Especialistas do mundo todo dizem, há mais de uma década que o termômetro do Índice de Percepção da Corrupção tem problemas. Essas críticas precisam ser levadas a sério e debatidas. Um termômetro desregulado leva a diagnósticos equivocados”, escreveu Vinicius Carvalho na época.
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