Internacional
Maior circulação de sorotipo 3 da dengue eleva risco de surtos nas Américas
Brasil concentra 87% dos casos da doença este ano; aumento de incidência associada ao Dnv-3 foi identificado em vários países e gera preocupação; Opas pede que governos se preparem para gerenciar maior volume de notificações e complicações
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A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, emitiu um alerta epidemiológico sobre o aumento do risco de surtos de dengue nas Américas. A situação alarmante é atribuída à crescente circulação do sorotipo Denv-3 em vários países da região.
A Opas pede que os governos fortaleçam a vigilância, diagnóstico precoce e manejo clínico para enfrentar o possível aumento dos casos da doença.
Maior risco de formas graves da doença
A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, possui quatro sorotipos, que vão do Denv-1 ao Denv-4. A imunidade contra um sorotipo protege a pessoa por toda a vida, mas infecções subsequentes por outros sorotipos podem aumentar o risco de formas graves.
Por isso, o aparecimento ou aumento de um sorotipo que não era predominante em uma região pode levar a um maior número de casos, devido à maior suscetibilidade da população.
O sorotipo Denv-3 foi identificado em vários países das Américas, incluindo Brasil, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Peru. Em 2024, a Argentina relatou sua circulação, marcando a introdução desse sorotipo no país.
No mesmo ano, Brasil e Colômbia relataram um aumento de casos associados ao Denv-3, principalmente entre crianças. O sorotipo também foi detectado em outras partes da América Central e do Caribe.
![Uma profissional de saúde coleta amostras de sangue de uma mulher que já havia contraído dengue. (arquivo) Uma profissional de saúde coleta amostras de sangue de uma mulher que já havia contraído dengue. (arquivo)](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/09-02-2024-PAHO-dengue.jpg/image1170x530cropped.jpg)
Uma profissional de saúde coleta amostras de sangue de uma mulher que já havia contraído dengue. (arquivo)
13 milhões de casos em 2024
Esta incidência tem sido associada a formas graves da doença, mesmo em infecções primárias, gerando preocupações sobre impactos na saúde pública.
A Opas relata que a reemergência do Denv-3, após uma ausência prolongada em certas áreas da região, aumenta a vulnerabilidade de populações que não foram previamente expostas a esse sorotipo.
Em 2024, a região das Américas registrou mais de 13 milhões de casos de dengue, dos quais 22.684 foram classificados como graves e 8.186 resultaram em mortes.
Nas primeiras semanas deste ano, 23 países e territórios da região registraram um total de 238.659 casos.
Países mais afetados
A maior concentração está no Brasil, com 87% das ocorrências, seguido pela Colômbia com 5,6%, e Nicarágua, Peru e México, todos com 2,5%. Desses casos, 263 foram graves e 23 pessoas morreram.
A Opas recomenda que os países fortaleçam as medidas de controle de vetores, aumentem a capacidade de diagnóstico nos sistemas de saúde e garantam tratamento precoce e adequado para os pacientes para evitar complicações graves.
Campanhas de educação pública para reduzir a exposição a mosquitos vetores e eliminar criadouros também são consideradas essenciais pela agência.
O papel da vacinação
Em relação à vacinação, de acordo com as evidências geradas pelo fabricante e publicadas no estudo principal de fase 3, a vacina contra dengue TAK-003, usada em alguns países da região, mostrou menor proteção contra o Denv-3, especialmente em crianças sem histórico de infecção.
Isso destaca a necessidade de garantir a vacinação segura e manter o monitoramento contínuo de eventos adversos potencialmente atribuíveis à imunização.
A Opas está monitorando de perto a evolução da circulação do Denv-3 junto com os outros sorotipos, e continuará apoiando os países na implementação de medidas eficazes de controle e resposta a possíveis surtos.
A agência pede que os sistemas de saúde estejam preparados para gerenciar o aumento esperado de casos e mitigar o risco de complicações graves.