Internacional
OIM pede US$ 81 milhões para salvar migrantes de perigos em rotas na África
Principais movimentos no continente são em direção aos países do Golfo e à África do Sul; jornadas envolvem riscos como fome, desidratação, tráfico humano e detenções arbitrárias; em 2024 pelo menos 559 pessoas morreram nas rotas leste e sul, com muitos outros óbitos não registrados
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Todos os anos, milhares de migrantes percorrem jornadas perigosas na África, fugindo da pobreza, instabilidade política ou desastres climáticos.
De acordo com a Organização Internacional para Migrações, OIM, as duas principais rotas vão em direção ao leste e ao sul.
Perigos vão de desidratação a tráfico humano
A primeira delas tem origem principalmente na Etiópia e na Somália e atravessa o Djibuti e o Iêmen, com o objetivo de chegar às nações do Golfo, incluindo a Arábia Saudita. Na segunda rota, os migrantes viajam por Quênia, Tanzânia e outras nações da África Austral, com a esperança de chegar à África do Sul.
De acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM, pelo menos 559 pessoas perderam a vida ao longo dos trajetos leste e sul em 2024. A agência ressalta que o número é subestimado porque muitas mortes não são relatadas.
Durante a jornada, os migrantes estão frequentemente sujeitos a condições de risco de morte, incluindo fome e desidratação. Eles também enfrentam violência, exploração e abuso, e a propensão de serem vítimas de traficantes de seres humanos e de sofrerem detenções arbitrárias.
Mulheres e meninas, que representam quase um terço dos movimentos rastreados, muitas vezes ficam sob perigo de violência sexual e de gênero.
![Uma menina move um recipiente cheio de água em um local para pessoas deslocadas em Dolow, Somália Uma menina move um recipiente cheio de água em um local para pessoas deslocadas em Dolow, Somália](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/16-12-2024-Somalia-IOM%20Kahare%20IDP%20Site.jpg/image1170x530cropped.jpg)
Uma menina move um recipiente cheio de água em um local para pessoas deslocadas em Dolow, Somália
1,4 milhão de migrantes precisarão de assistência este ano
No ano passado, 446 mil movimentos foram registrados ao longo da rota oriental, 10% dos quais foram feitos por crianças, de acordo com dados da OIM.
A agência estima que mais de 1,4 milhão de migrantes, e as comunidades que os hospedam ao longo desses caminhos, precisarão de assistência em 2025.
Por isso, a OIM e 45 parceiros humanitários e de desenvolvimento estão pedindo US$ 81 milhões para o Plano de Resposta a Migrantes para o Chifre da África, Iêmen e África Austral.
A diretora-geral da OIM, Amy Pope, afirma que sem apoio imediato aos migrantes e às comunidades de acolhimento, “o sofrimento se aprofundará, as tensões aumentarão e a ajuda vital permanecerá fora de alcance”.
Necessidade urgente de financiamento
Para Pope, “a hora de agir é agora” e as prioridades são salvar vidas, fortalecer sistemas de proteção e combater as causas profundas do deslocamento.
As necessidades incluem alimentos, assistência médica, água, saneamento e higiene, proteção, suporte psicossocial, além de retorno voluntário e apoio à reintegração.
Em 2024, foi lançado um apelo de US$ 112 milhões, mas apenas 20% do financiamento foi alcançado.
Novo pico de instabilidade e fugas
Já o diretor da Counter Human Trafficking Trust East Africa, organização parceira da OIM, explicou que a “deterioração econômica constante e a instabilidade” no leste e no Chifre da África, a motivação para fugir está em “um novo pico”.
Mutuku Nguli afirmou que essa realidade enfraqueceu ainda mais as estruturas de apoio comunitário ao longo das rotas e, ao mesmo tempo, agravou os fatores de risco associados à migração irregular.
O diretor-executivo da Ethiopia Charitable Society, também parceira da OIM, disse que a migração é “um fenômeno global que requer soluções globais”.
Abera Adeba defendeu o trabalho conjunto para criar um mundo onde a migração “seja uma escolha, não uma necessidade” e onde todos os migrantes sejam tratados com dignidade e respeito.