Segurança Pública
Militares vítimas de assédio moral no Exército podem recorrer à Justiça do Trabalho, diz MPF: recente mudança legislativa afeta Forças Armadas
O Ministério Público Federal aponta a Justiça do Trabalho para tratar questões de assédio moral no Exército, Marinha e Força Aérea
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Uma recente orientação do Ministério Público Federal (MPF) representa uma mudança significativa na forma como casos de assédio moral dentro das Forças Armadas são tratados no Brasil. Em resposta à denúncia de um advogado que busca a recuperação de direitos de um militar vítima desse tipo de conduta no Exército Brasileiro, o MPF oficialmente deixou claro que a Justiça do Trabalho é a instância competente para julgar tais casos, independentemente do regime jurídico do servidor envolvido, que nesse caso é um militar.
A mudança de entendimento sobre o assédio moral no setor público
O parecer do MPF ocorre em um contexto de mudanças na legislação brasileira. Com a recente reforma da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 14.230/2021), o assédio moral deixou de ser tipificado como um ato de improbidade, dificultando a responsabilização de gestores públicos por essa prática. Segundo o MP, “diante das alterações legislativas, o Ministério Público Federal não possui legitimidade para investigar e processar gestores por improbidade administrativa“. O órgão explica que a questão agora é da alçada do MP do Trabalho: “… por outro lado, o Ministério Público do Trabalho possui plena legitimidade para atuar na prevenção e no combate ao assédio moral organizacional na administração pública“.
pública.
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O caso que motivou a manifestação envolve um militar graduado que foi preterido em promoções e submetido a perseguições por parte de superiores ao longo de sua carreira. A denúncia menciona discriminação devido à sua participação em um processo judicial por reajuste salarial e sua candidatura a vereador, além de punições injustas e impedimentos para realizar cursos e transferências que poderiam beneficiar sua progressão na hierarquia militar.
A Justiça do Trabalho e as Forças Armadas Brasileiras em caso de assédio moral
A decisão se apoia na Súmula 736 do Supremo Tribunal Federal, que estabelece que compete à Justiça do Trabalho julgar ações relacionadas ao descumprimento de normas trabalhistas de saúde e segurança, sem distinção entre regimes jurídicos. O MP mencionou ainda a nota técnica PGT/GE – Assédio moral da Administração Pública, de 27 de julho de 2022.
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Visão do advogado especialista
Segundo o Jurista Cláudio Lino, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Militar (IBALM) e autor da solicitação ao Ministério Público, ouvido pela Revista Sociedade Militar, a interpretação pode abrir um precedente importantíssimo para os militares, tradicionalmente sujeitos a um rígido sistema disciplinar e administrativo, em um ambiente que infelizmente tem sido solo fértil para assédio moral e perseguições de todo tipo.
“as denúncias de assédio moral nas Forças Armadas ao MPT pode abrir um precedente importantíssimo para que militares, tradicionalmente sujeitos a um rígido sistema disciplinar e administrativo, tenham seus direitos protegidos de forma mais efetiva contra o assédio moral e perseguições de todo tipo… a crescente onda de denúncias de assédio organizacional indica a necessidade de uma intervenção especializada para garantir um ambiente de trabalho saudável e respeitoso, e o MPT, com sua expertise, está mais bem equipado para investigar e coibir tais práticas. “, disse o advogado