Nacional
Lula tenta com a reforma ministerial virar o jogo
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Por Roberto Tomé
O que parecia ser uma virada estratégica do governo Lula, com uma nova reforma ministerial, não passa de mais uma tentativa frustrada de melhorar a imagem pública de um presidente que vê sua popularidade afundar mês a mês. Em um cenário onde as pesquisas de opinião apontam para uma queda acentuada, nada parece ser suficiente para reverter o crescente desgaste político do governo. Na mais recente pesquisa CNT/MDA, por exemplo, a avaliação negativa disparou de 31% para 44%, enquanto a positiva derreteu de 35% para 29%. E, no fim das contas, o que essa reforma realmente trouxe de novo para o Brasil?
Lula já passou por isso antes, e a história parece se repetir. Em 2005, durante o auge da crise do mensalão, o presidente optou por fazer uma remodelação de sua equipe ministerial na tentativa de amenizar a crise e melhorar sua imagem pública. A reforma, lenta e pontual, foi uma tentativa de dar uma resposta às acusações de corrupção, mas sem oferecer mudanças estruturais profundas. Naquele momento, mudanças como a saída do ministro Romero Jucá, envolvido em escândalos, e a integração da Secom à Casa Civil pareciam ter como objetivo dar um “freio de arrumação”, mas em termos concretos, a alteração não significou muita coisa.
Será que em 2025 o cenário será diferente? A verdade é que, ao olhar para a estratégia atual, fica difícil não ver uma tentativa de replicar o mesmo truque. Lula já havia tentado remediar a crise política com pequenas mudanças, mas a falta de um impacto real ainda ressoava. Agora, será que o novo movimento, com a troca de ministros, trará resultados concretos ou só continuará sendo mais do mesmo?
A mais recente reforma ministerial começou com uma troca significativa: a saída de Nísia Trindade do Ministério da Saúde. A ex-ministra, que não conseguiu entregar as promessas de reforma na pasta, foi substituída por Alexandre Padilha, conhecido por sua habilidade de negociação com o Centrão. A falha de Nísia foi, sem dúvida, sua postura rígida em relação à liberação de emendas parlamentares, o que gerou frustração nos deputados. A pergunta que fica: será que o governo, ao trocar Nísia por um ministro mais conciliador, consegue atender realmente as demandas do Congresso e, mais importante, melhorar a gestão da Saúde?
A troca de Nísia, embora bem-vinda para alguns, é somente um pequeno ajuste diante de um cenário muito maior de ineficiência e crise. E Padilha, embora tenha um perfil mais conciliador, conseguirá mudar realmente o jogo? O que está sendo feito para resolver as questões estruturais da Saúde? Parece que o governo está mais preocupado em acalmar a classe política do que efetivamente enfrentar as falhas administrativas que arrastam o país.
A estratégia de troca de ministros pode ser uma maneira de aliviar a pressão política e dar a impressão de que o governo está “agindo”. Mas será que as mudanças realmente mudam algo? A resposta talvez seja não. A movimentação do governo não traz consigo soluções concretas para os problemas que mais afligem a população, como a saúde pública, a economia e a segurança. Em vez de reformar por dentro, as mudanças são superficiais e mais focadas em aparências políticas. Nada que vá realmente abalar as estruturas que sustentam os vícios do sistema.
E, claro, o Centrão segue sendo o grande dilema do governo. As trocas de ministros podem até aliviar as tensões momentaneamente, mas nada vai mudar de fato enquanto a verdadeira questão – a relação com esse grupo – não for enfrentada de maneira mais agressiva. O Centrão é o poder por trás do poder, e enquanto ele continuar manipulando as articulações políticas, os desafios de governabilidade do Brasil seguirão sem solução.
A reforma ministerial de Lula em 2025 é mais uma tentativa de dar sobrevida a um governo que não soube navegar nas águas turbulentas da política brasileira. Não há nada de inovador, apenas um jogo político para tentar desviar os holofotes da insatisfação popular. Se Lula quer, de fato, reconquistar a confiança da população, ele precisará de muito mais do que um novo ministro aqui ou ali. A questão é mais profunda e exige ações que vão além das trocas de cadeiras no Planalto. Quem se arrisca a dizer que este governo vai realmente mudar? Afinal, se o governo de Lula já se provou ineficaz em várias frentes, por que apostar em um simples “mais do mesmo” para reverter essa situação?