Nacional
O povo de direita e o fim do populismo do PT
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Por Roberto Tomé
Durante muito tempo, a narrativa ideológica dominante no Brasil parecia vender a ideia de que a única forma de os mais pobres prosperarem era com a mão amiga do governo. E quem melhor para entregar essa “ajuda” do que o Partido dos Trabalhadores (PT)? Sob a liderança do Lula, o discurso de proteção ao povo humilde foi alimentado com promessas populistas, criando um vínculo que, na teoria, parecia inquebrável. Mas algo mudou. O povo não se deixaria mais manipular tão facilmente.
O que antes parecia ser um apoio irreversível ao PT, especialmente entre as classes mais baixas, agora começa a ruir. A virada do jogo se tornou visível nas últimas eleições e pesquisas, como as realizadas por Quaest, AtlasIntel, Datafolha e CNT/MDA. O que parecia ser um romance perfeito entre os pobres e o populismo petista agora é uma relação marcada por frustração e decepção.
Conforme a pesquisa CNT/MDA de fevereiro de 2025, a desaprovação ao governo Lula aumentou 35% entre eleitores com renda de até dois salários mínimos, representando um crescimento de 11 pontos percentuais desde novembro de 2024. Se formos olhar ainda mais de perto, veremos que, em maio de 2023, apenas 19% dessa mesma base de eleitores desaprovavam o governo. A desconexão é palpável: o PT, que se vangloriava de defender os pobres, está cada vez mais afastado da realidade daquelas pessoas.
A eterna promessa de distribuição de benesses, com um governo que diz “auxiliar os pobres”, perdeu força. O aumento de fiscalização no sistema de pagamentos via Pix, por exemplo, gerou desconforto entre os trabalhadores informais, que se veem cada vez mais vulneráveis a uma política econômica que não os contempla. E não é só isso: a regulamentação dos aplicativos de transporte e entrega soluções que atendem a milhões de brasileiros, foi mais uma tentativa falha do governo petista de controlar ainda mais os trabalhadores, sem ao menos entender suas necessidades reais.
E a ascensão de uma mentalidade conservadora, muito alimentada pelos valores evangélicos, trouxe ainda mais força à direita no Brasil. Agora, muitos brasileiros que anteriormente se viam como parte da “esquerda” começam a buscar uma alternativa na direita, em busca de um trabalho digno, de um futuro sem a dependência do governo. O filósofo Luiz Felipe Pondé descreve bem esse movimento: os “pobres de direita” estão focados em trabalho, resiliência e autonomia, contrastando com a ideia de esperar por um governo que “salvem” todos.
O discurso evangélico, que prega disciplina, empreendedorismo e liberdade econômica, tem sido um motor dessa transformação. As igrejas estão cada vez mais presentes na política brasileira, não somente fortalecendo a autoestima dos indivíduos, mas também incentivando uma mudança de mentalidade. O antropólogo Juliano Spyer, ao estudar o impacto dos evangélicos no Brasil, afirma que a busca por liberdade econômica e educação leva a uma mudança significativa na dinâmica social e política do país.
Porém, a relação entre o PT e os evangélicos está cada vez mais tensa. O governo, tentando se aproximar dessa base de apoio sancionou leis como o Dia Nacional da Pastora Evangélica e o Dia Nacional da Música Gospel, mas o apoio entre os evangélicos a Lula está minguando. E isso é só a ponta do iceberg: o PT, que uma vez foi visto como a voz do povo, já não é mais o salvador de ninguém.
É visível que, enquanto o PT tenta reconquistar as bases com promessas vazias, a realidade é outra. A política brasileira está mudando. A ascensão da direita, a busca por liberdade e o afastamento das promessas do PT estão desenhando um novo caminho. E a pergunta que fica é: será que o Partido dos Trabalhadores continuará tentando manipular os mais pobres, ou finalmente irá ouvir o que o povo realmente precisa?