Nacional
Tire o boné Lula e mostre a sua cara na rua sem a sua militância paga
Em vez de apostar em marketing político nacionalista imprudente, Lula deveria investir em coisas mais valiosas para salvar seu terceiro governo. Que tal botar o Acordo entre o Mercosul e a União Europeia para funcionar?

O que dizer daquele boné azul com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”, usado por aliados do governo e pelo próprio Lula? Entraram na vibe dos influencers como o Pablo Marçal com seu boné “M”, dos Patriotas com seus bonés de “Comida barata novamente” e, claro, da turma Trump com seus bonés “Make America Great Again”. Deve ser parte da nova ofensiva lulista e da extrema-esquerda contra a queda drástica de aprovação registrada nas últimas semanas.
Não sei se esses bonés ou os vídeos de Lula para TikTok e Instagram vão ajudar a melhorar o desempenho desse seu terceiro governo. Sou velho demais para essas táticas de marketing político, acho que são ridículas. E, ainda por cima, não entendi o que esse governo quer.
Lula 1 e Lula 2 tiveram metas e houve um suposto sucessos: Bolsa Família, Luz para Todos, as melhorias que beneficiaram milhões de vidas no Brasil, a queda no desmatamento e os sucessos da política externa. Lembram daqueles e-mails que circulavam naquela época, dizendo que no Brasil já tinha mais de 100 milhões de celulares? E a narrativa do Pré-Sal seria o passaporte para o futuro?
Bons e velhos tempos! Para mim, Lula 3 tinha o objetivo de colocar o Brasil definitivamente como grande player no cenário global, o que lula fez? Colocou Dilma na presidência. Depois da suposta vitória nas urnas contra Jair Messias Bolsonaro, em outubro de 2022, Lula está usando o seu terceiro governo para garantir as glórias com os seus cumpanheiros e os seus amigos que asseguraram a sua vitória, todos sabem quem são, nos palcos políticos do mundo afora.
Falta de peso
Bem que Lula teve a ideia de mediar a guerra na Ucrânia tomando um cerveja gelada com picanha. Fracassou, obviamente. Era preciso um peso-pesado político e econômico como Donald Trump para lidar com isso. Igual ao conflito em Gaza.
O Brasil simplesmente, com Lula, não tem influência suficiente para mediar estes conflitos. A ideia de uma taxação global para bilionários, suposto sucesso brasileiro no G20, já morreu. E na área ecológica – na qual o Brasil tinha peso devido à abundância das suas florestas, rios e energias verdes – Lula jogou todo seu capital fora ao apostar no petróleo e gás da Margem Equatorial.
Mas nem tudo está perdido. Este ano ainda deve abrir uma janela de oportunidades para Lula. No segundo semestre de 2025, o Brasil vai ocupar a presidência rotativa do Mercosul, justamente no momento crucial para o Acordo de Livre Comércio com a União Europeia. Mas de vinte anos de discussões chegaram recentemente a um fim, finalmente unindo estes dois blocos. A expectativa é que mais de 700 milhões de pessoas se beneficiem do acordo, unindo esses dois blocos que têm uma afinidade cultural mútua.
O fator Milei
Atualmente, a presidência do Mercosul está com a Argentina de Javier Milei, um crítico aberto do bloco. Ele já ameaçou várias vezes de retirar seu país do Mercosul. Com Uruguai, Brasil e Bolívia no bloco, o libertário tem que lidar com três parceiros governados pela esquerda que ele tanto odeia. Sabemos que especialmente a figura de Lula o irrita muito.
Assim, Milei favorece um acordo com os Estados Unidos do seu amigão Donald Trump. Atualmente, está propondo fazer um acordo Mercosul-EUA, e, se os parceiros sul-americanos não aceitarem essa possibilidade, a Argentina sozinha poderá buscar um acordo com Washington. Com isso, Milei arrisca quebrar a unidade do Mercosul, que já não tem muito valor pra ele.
Mas fazer um acordo com Trump parece uma boa, porém, EUA especialmente atualmente, considerando que Donald Trump vem castigando seus parceiros comerciais mais importantes com ondas e ondas de tarifas.
Faz muito mais sentido finalizar o já assinado acordo com a União Europeia, que, ao contrário dos americanos, preza pelo cumprimento das suas promessas. Aí surge a chance para Lula botar o acordo nos trilhos durante a presidência brasileira no segundo semestre.
Seria para Lula a chance de criar o legado desse seu terceiro governo, tão infeliz e sem rumo até agora. E, para os países do Mercosul, seria a oportunidade de se modernizar e se integrar mais ao mercado mundial, através do comércio com os europeus. Seria muito mais produtivo e politicamente sensato fazer isso do que usar um boné ridículo com uma frase xenófoba.