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Bolsonaro Encolheu?

Com a iminência de uma denúncia a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro não pode se dar ao luxo de mostrar fraqueza. A próxima manifestação na Avenida Paulista ganha importância nesse contexto, especialmente considerando que sua popularidade cresce em todo o Brasil, desafiando as narrativas que tentam desestabilizá-lo.
No domingo, dia 16, Bolsonaro convocou um ato para demonstrar sua força política. No entanto, ao contrário do expressivo evento realizado em 25 de fevereiro de 2024, na Avenida Paulista, o protesto em Copacabana, no Rio de Janeiro, não atingiu suas expectativas. Essa diferença de mobilização é frequentemente utilizada por críticos para questionar sua influência, mas é importante lembrar que a realidade política é complexa e multifacetada.
A discussão sobre o número de participantes nas ruas parece servir apenas para distorcer a realidade. Em 2024, aqueles que questionavam as estimativas, que variavam de 200 mil a 2 milhões de pessoas, buscavam minimizar a relevância da mobilização. Agora, a situação se inverte: são os apoiadores do ex-presidente que tentam inflar os números, que vão de 18 mil a “mais de 400 mil” participantes. Essa manipulação de dados é uma estratégia comum para desacreditar figuras políticas que desafiam o status quo.
Encolheu?
Bolsonaro reconheceu, em seu discurso para os apoiadores que pediam a anistia dos condenados pelo evento de 8 de janeiro — e, por extensão, a sua própria — que o protesto foi menor do que o habitual. “Costumávamos arrastar multidões pelo Brasil. No 7 de setembro, havia mais gente do que agora”, afirmou o ex-presidente. Essa admissão, longe de ser um sinal de fraqueza, pode ser vista como uma estratégia de transparência em um momento de adversidade.
Entretanto, é prematuro afirmar que Bolsonaro encolheu. O ato em Copacabana foi mal organizado, com uma tentativa excessiva de controlar a pauta, o que expôs um cálculo político que soou oportunista. Além disso, pesquisas recentes indicam uma melhora na popularidade de Bolsonaro, com a aprovação subindo de 38% para 46%, e a desaprovação caindo de 57% para 51%. Esses números refletem um apoio crescente, desafiando as narrativas de que sua influência está diminuindo.
A Próxima
O slogan “Fora Lula 2026” foi abandonado, assim como várias manifestações que estavam programadas para o mesmo dia. Isso pode ter reduzido o apoio ao movimento e desanimado as pessoas a se dirigirem a Copacabana, onde os organizadores inicialmente esperavam reunir 1 milhão de participantes. O constrangimento gerado pelo baixo número de manifestantes no domingo pode, no entanto, impulsionar a próxima manifestação, agendada para a Avenida Paulista em 6 de abril. É esperado que haja mais pessoas do que o que teria ocorrido sem o estímulo da frustração gerada no Rio de Janeiro.
Contudo, se o ato de 6 de abril de 2025 for significativamente menor do que o de 24 de fevereiro de 2024 na mesma avenida, a luta de Bolsonaro para manter a liderança da direita brasileira, mesmo sem perspectivas de poder até 2030, poderá se enfraquecer consideravelmente. É crucial que seus apoiadores permaneçam mobilizados e engajados, desafiando as narrativas que tentam deslegitimar sua figura.
Sinais
A quantidade de pessoas reunidas em protestos é relevante nessa batalha por manter o controle da direita — e repete uma estratégia que, no passado, resultou na libertação de Lula. No entanto, o mar de camisas da seleção brasileira nas ruas representa somente uma parte da história. O esforço para controlar rigorosamente os movimentos de rua, que gerou atritos com aliados, foi um dos sinais mais evidentes de fraqueza de Bolsonaro nas últimas semanas.
Outro indicativo é o surgimento de candidaturas alternativas à direita, como a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do cantor sertanejo Gusttavo Lima, além das especulações sobre quem Bolsonaro poderá indicar como seu sucessor eleitoral, caso não consiga reverter sua inelegibilidade. Diante da situação atual, prestes a enfrentar o julgamento da denúncia por golpe de Estado no STF, o ex-presidente não pode se dar ao luxo de demonstrar fraqueza. E foi exatamente isso que se observou em Copacabana, mesmo que seus apoiadores relutem em reconhecer.