Segurança Pública
Brasil vira vitrine da SAAB ao operar Gripens JAS-39 com tecnologia completa, em contraste com proposta dos EUA de exportar F-47 de 6ª geração com capacidades limitadas a parceiros
Enquanto os EUA planejam exportar versões limitadas do caça de 6ª geração F-47, a Saab reforça sua estratégia de vender o Gripen JAS-39 com todos os recursos e liberdade total de operação, destacando-se no mercado de defesa

A fabricante sueca Saab anunciou que todos os seus clientes internacionais receberão o caça JAS-39 Gripen com as mesmas capacidades oferecidas à Força Aérea da Suécia, sem versões reduzidas ou restrições operacionais, contrastando com a abordagem dos Estados Unidos em relação à futura exportação dos caças F-47 de sexta geração.
Em abril de 2025, a Saab reafirmou seu compromisso com a soberania operacional dos países que adquirem seus aviões de combate. Em entrevista ao portal Janes, representantes da empresa destacaram que o Gripen é fornecido com hardware e software de ponta, idêntico ao utilizado pelos suecos. Os compradores ainda têm liberdade para integrar sistemas nacionais de comunicação, armamentos e outros equipamentos, de acordo com suas necessidades específicas.
A declaração ocorre semanas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que os aliados americanos poderão receber uma versão “reduzida” do caça F-47 NGAD (Next Generation Air Dominance). A fala reacendeu preocupações entre parceiros dos EUA sobre a limitação no acesso às tecnologias militares mais avançadas norte-americanas.
Gripen se destaca por arquitetura aberta e ausência de “caixas-pretas”
Ao contrário dos caças norte-americanos, que operam com fortes controles de manutenção, atualizações restritas e dependência direta do Departamento de Defesa dos EUA, o Gripen se destaca por sua arquitetura aberta. Segundo a Saab, esse modelo garante “liberdade de ação” ao operador, evitando qualquer tipo de veto externo em situações de conflito ou desacordo diplomático.
Essa filosofia já é aplicada em países como o Brasil, que integra sistemas nacionais de armas e sensores nos seus Gripens. A Tailândia, por sua vez, adaptou os caças para uso com mísseis AIM-120 fabricados nos EUA, enquanto a África do Sul personalizou os sistemas de comunicação das aeronaves. Isso demonstra a capacidade do Gripen de se adequar a diferentes doutrinas militares e necessidades técnicas.
A estratégia da Saab tem ganhado força especialmente entre nações não alinhadas a grandes blocos geopolíticos. Esses países buscam sistemas de defesa avançados sem os vínculos políticos e restrições de uso impostos por fornecedores como os Estados Unidos ou a China.
Mercado de defesa polarizado e vantagens do modelo sueco
A prática norte-americana de vender aeronaves com sensores, armas e softwares restritos é vista com reservas por vários parceiros. Casos como o da Turquia, retirada do programa F-35 em 2019 após adquirir sistemas antiaéreos russos, exemplificam os riscos diplomáticos envolvidos com as exportações militares dos EUA.
Por outro lado, a Suécia, país de menor porte e postura neutra, tem liberdade para adotar outra abordagem. Os Gripens utilizados pela Força Aérea Sueca receberam, em 2023, atualizações em radares e sistemas de guerra eletrônica que foram igualmente oferecidas aos clientes internacionais, evidenciando a ausência de usuários de “segunda classe” no modelo da Saab.
A empresa se posiciona como alternativa intermediária entre os caças americanos, com alta performance e dependência, e os russos ou chineses, com custos mais baixos e riscos geopolíticos. A Saab oferece alto desempenho, autonomia completa e ausência de interferências externas.
Brasil é destaque no modelo de parceria industrial com a Saab
No Brasil, o programa Gripen inclui parceria com a Embraer para montagem final das aeronaves, transferência de tecnologia e geração de empregos locais. Pilotos e técnicos brasileiros treinam em sistemas que pertencem ao país, sem limitações contratuais típicas de acordos de leasing ou vigilância estrangeira.
Contudo, o modelo sueco tem limitações. A capacidade de produção da Saab é menor em comparação com gigantes como Lockheed Martin ou Boeing, o que pode impactar os prazos de entrega. Além disso, a exportação sem restrições levanta preocupações quanto ao risco de que tecnologias suecas possam ser acessadas por nações rivais em caso de mudanças políticas nos países clientes.
Os programas como o NGAD norte-americano prometem tecnologias superiores em furtividade, sensores e inteligência artificial, mas estarão disponíveis apenas para um grupo seleto de aliados, e com condições rígidas de uso. A Saab, por sua vez, evita essa disputa direta e se consolida como fornecedora de soberania.
A informação foi divulgada pelo portal Eurasian Times, com base em declarações da Saab ao veículo especializado Janes.