Bloqueio da entrada de ajuda em Gaza chega a 50 dias

Período mais longo de restrição desde o início da guerra causa piora acentuada da situação humanitária; suprimentos estão quase todos esgotados, com estoques de alimentos perigosamente baixos; restam apenas 250 cestas básicas; hospitais estão com dificuldade de operar sem combustível ou remédios.

A crise humanitária em Gaza atingiu níveis sem precedentes, com mais de dois milhões de pessoas, a maioria mulheres e crianças, “presas, famintas e desesperadas”, segundo a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa.

O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, destacou que nos últimos 50 dias, nenhuma forma de ajuda entrou no local. Isso marca o maior período de bloqueio desde o início do conflito, após os ataques do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023.

3 mil caminhões de ajuda impedidos de entrar

Falando a jornalistas em Genebra, o porta voz do Ocha, Jens Laerke, disse que “esta é provavelmente a pior situação humanitária já vista durante a guerra em Gaza”.

Mais de 2,1 milhões de habitantes estão enfrentando grave escassez de alimentos, medicamentos, combustível e água limpa.

Suprimentos humanitários estão estocados do outro lado da fronteira, incluindo quase 3 mil caminhões de ajuda vital preparados pela Unrwa, impedidos de entrar pelas autoridades israelenses.

O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, emitiu nota afirmando que “a fome está se espalhando e se aprofundando, de forma deliberada e provocada por seres humanos”.

Ele ressaltou que Gaza se tornou “uma terra de desespero”, onde a ajuda humanitária está sendo usada como “arma de guerra”.

Moradores de Gaza fazem fila perto do caminhão de água para encher seus galões

Restam apenas 250 cestas básicas

A agência alertou que os suprimentos em Gaza estão quase todos esgotados, com os estoques de alimentos perigosamente baixos e restando apenas 250 cestas básicas.

Além disso, a farinha acabou totalmente, padarias estão fechando, hospitais estão com dificuldade de operar sem combustível ou remédios, e os preços dos itens essenciais dispararam.

Lazzarini fez um apelo para que o bloqueio acabe, possibilitando a chegada de suprimentos, a libertação de reféns e o recomeço do cessar-fogo.

O esforço de oferecer assistência continua

Apesar dessas condições, oito centros de saúde e 39 postos médicos da Unrwa continuam realizando cerca de 15 mil consultas por dia.

Uma campanha de doação de sangue para apoiar hospitais locais com necessidade urgente de transfusões também está em andamento.

A agência continua operando em terra, fornecendo água, coletando resíduos sólidos e administrando serviços de assistência.