Internacional
Apagão atinge Portugal, Espanha e parte da França
Queda de energia provocou caos no transporte público, além de atrasar voos. Autoridades europeias afirmam que não há indícios de ciberataque. Espanha declarou estado de emergência

Um apagão atingiu nesta segunda-feira (28/04) toda a Península Ibérica, que abriga Portugal e Espanha, e partes da França – uma região onde moram mais de 50 milhões de pessoas. A queda de energia ocorreu às 12h30 (horário local) e provocou caos em redes de transporte e comunicações.
Segundo representantes do setor elétrico da Espanha, a retomada completa no fornecimento de energia ainda pode demorar várias horas.
Até a noite desta segunda-feira, metade da capacidade de energia da Espanha havia sido restaurada, com parte proveniente de usinas elétricas domésticas e parte importada da França.
“A corrente elétrica já foi restaurada em subestações em várias áreas do norte, sul e oeste da Península, começando a fornecer energia aos consumidores nessas áreas”, disse a operadora de energia espanhola Red Electrica (REE). “Este é um problema europeu mais amplo”, destacou a empresa.
Em Portugal, a eletricidade foi reestabelecida para 750 mil clientes.
Teresa Ribera, uma das vice-presidentes da Comissão Europeia, disse que, até o momento, não há evidências de que a interrupção seja resultado de um ato deliberado, como sabotagem ou ataque cibernético. A afirmação foi reforçada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, que também disse que não há indicações de que a falta de energia de hoje tenha sido causada por um ataque cibernético.
Em razão dos riscos associados à falta de energia, o Ministério do Interior da Espanha declarou estado de emergência para assumir a ordem pública e outras funções solicitados pelos estados. Até o momento, a ordem tem validade nas regiões de Madri, Andaluzia e Extremadura.

Apagão gera caos nas cidades
A queda de energia paralisou o transporte público, causou grandes engarrafamentos e atrasou voos. Em Madri, Lisboa e no Porto, o metrô foi fechado. Na Espanha, o tráfego ferroviário foi interrompido em todo o país. Linhas telefônicas e caixas eletrônicos também foram afetados.
De acordo com o site de rastreamento de voos Flight Radar, o Aeroporto de Madri ficou fechado para partidas e chegadas por pelo menos meia hora. Em Lisboa, decolagens foram canceladas até as 10 horas da noite.
Os semáforos que regulam o trânsito em Madri ficaram fora de serviço por horas, assim como os aparelhos celulares. Serviços de emergência registraram 286 resgates de pessoas que ficaram presas em elevadores.
Segundo o ministro dos Transportes de Espanha, 11 trens ficaram parados com passageiros a bordo por quase dez horas após o início do apagão.
Em Lisboa, viaturas de polícia e ambulâncias circulavam constantemente pelas ruas. Os icônicos bondes da capital foram paralisados, e turistas não conseguiam acessar apartamentos cujas portas são abertas com chips eletrônicos.
Portugueses apontam para causas atmosféricas
Representantes da operadora portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) afirmaram que “variações extremas de temperatura na Espanha” contribuíram para a falta de energia. Segundo a empresa, “devido a variações extremas de temperatura no interior da Espanha, ocorreram oscilações anômalas nas linhas de alta tensão, um fenômeno conhecido como ‘vibração atmosférica induzida’”.

Segundo dados da Red Eléctrica, por volta das 12h30, quando o consumo estava em torno de 25.184 megawatts, ele caiu repentinamente para 12.425 megawatts. A operadora relatou que foi registrado um “zero” no sistema elétrico peninsular, o que geralmente indica um apagão generalizado.
Posteriormente, o sistema elétrico da península começou a recuperar a tensão nas regiões norte e sul, de acordo com a empresa.
Na França, a operadora da rede elétrica RTE informou que houve uma breve interrupção de energia, mas a eletricidade já foi restaurada.
A Comissão Europeia disse estar em contato com as autoridades de Portugal e Espanha e com a rede europeia de operadores para compreender a causa e o impacto do corte maciço no abastecimento elétrico na Península Ibérica. Bruxelas adiantou existirem “protocolos para restabelecer o funcionamento do sistema”, como previsto na legislação comunitária referente às redes de emergência e restabelecimento.

Apagão afetou refinarias
Difersas refinarias de petróleo espanholas foram mais atingidas. Duas usinas administradas pela segunda maior operadora da Espanha, a Moeve, precisaram ser fechadas nesta segunda-feira.
A Petronor, subsidiária majoritária da Repsol, também informou que interrompeu todas as unidades de sua refinaria de petróleo localizada em Bilbao.
Já os sete reatores nucleares do país estão seguros, segundo o Conselho de Segurança Nuclear da Espanha. Quatro deles chegaram a falhar após o apagão, mas foram restaurados por geradores de emergência. Outros três reatores não estavam ativos no momento da interrupção de energia.