Educação & Cultura
Conheça 15 cientistas brasileiras famosas ao redor do mundo
As mulheres estão, cada vez mais, conquistando espaços no meio acadêmico. Para inspirá-las e incentivá-las, vamos falar um pouco sobre o peso dos estereótipos e sobre o cenário atual das mulheres na ciência. Também listamos 20 cientistas que mudaram o mundo e 15 brasileiras conhecidas internacionalmente por suas descobertas. Confira!
O impacto dos estereótipos em meninos e meninas
Os estereótipos reforçados desde a infância se refletem nos objetivos traçados para a idade adulta, podendo influenciar a vida profissional e pessoal. Para ter uma ideia mais clara do que estamos falando, faça um teste com alguma menina. Pergunte o que ela quer ser quando crescer e espere a resposta. Em seguida, pergunte o que ela iria querer ser se fosse do gênero masculino. Você pode fazer o mesmo exercício com meninos.
As respostas mudaram? Embora haja exceções, a maioria das crianças tende a escolher profissões estereotipadas. As meninas podem responder carreiras como modelo, professora e atriz, mas astronauta, policial e médica poderiam ser suas opções de vida se fossem homens. E não pense que os meninos estão isentos de estereótipos de gênero. Eles imaginam um futuro como jogadores de futebol, bombeiros ou engenheiros; contudo, se fossem meninas, gostariam de ser bailarinos ou artistas.
Essas diferenças são produtos de uma cultura que reforçam as desigualdades entre homens e mulheres e podem acabar limitando o desenvolvimento das verdadeiras habilidades das crianças. Segundo dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) (2018), apenas 30% das universitárias escolhem carreiras relacionadas à ciência, tecnologia ou matemática.
A trajetória das mulheres na ciência
Nenhuma outra área concentra um desequilíbrio mais evidente entre os gêneros. Esse abismo se torna maior ainda conforme aumenta o nível de conhecimento, já que as mulheres detêm somente 10% dos altos cargos acadêmicos do setor (análise do Boston Consulting Group para a iniciativa Mulheres na Ciência, da Fundação L’Oréal, 2013).
Um reflexo dessa situação pode ser visto na distribuição das premiações. Das 575 pessoas agraciadas com Prêmios Nobel de Medicina, Química e Física, apenas 16 eram mulheres. No Brasil, o cenário não é diferente. Segundo o CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2013), há um equilíbrio entre homens e mulheres no início da trajetória científica, mas ele diminui com o passar dos anos, com participação feminina de 30% em pesquisas científicas vinculadas ao final da carreira.
Invenções e descobertas feitas por mulheres
Essas estatísticas dão a sensação de que as mulheres tiveram pouca participação em grandes descobertas da humanidade. Por isso, vamos listar abaixo 20 mulheres que mudaram o mundo com suas invenções:
- Lisa Meitner (1878 – 1968) – Divisão de átomos
- Chien-Shiung Wu (1912 – 1997) – Lei da Paridade (sobre a simetria de funções de ondas)
- Ada Lovelace (1815 – 1852) – Primeiro algoritmo para computação
- Nettie Stevens (1861 – 1912) – Cromossomos X e Y
- Esther Lederberg (1922 – 2006) – Genética microbiana
- Vera Rubin (1928 – 2016) – Matéria escura
- Marie Curie (1867 – 1934) – Raios x
- Grace Murray Hopper (1906 – 1992) – Primeiros computadores e termo “bug”
- Hedy Lamarr (1914 – 2000) – Sistema que serviu de base para os celulares
- Virginia Apgar (1909 – 1974) – Teste de Apgar (para definir os procedimentos que precisam ser feitos em um bebê recém-nascido)
- Maria Beasley (1847 – 1904) – Bote salva-vidas
- Letitia Geer (1852 – 1935) – Seringa
- Marie Van Brittan Brown (1922 – 1999) – Sistema de vigilância doméstico
- Katherine Johnson (1918 – 2020) – Mecânica da órbita
- Gladys West (1930) – Modelo que serviu de base para GPS
- Flossie Wong-Staal (1946 – 2020) – Teste de HIV
- Elizabeth Magie Phillips (1866 – 1948) – Jogo Monopoly
- Margaret Knight (1838 – 1914) – Sacos de papel com fundo plano
- Mary Anderson (1866 – 1953) – Limpador de para-brisa
- Marion Donovan (1917 – 1998) – Fralda descartável
Cientistas brasileiras reconhecidas internacionalmente para se inspirar
1. Bertha Maria Júlia Lutz (1894 – 1976)
Bertha Maria Júlia Lutz foi bióloga, política e ativista pela igualdade de gênero. Ela se formou em Ciências Naturais na Universidade de Paris, voltou ao Brasil e, em 1918, tornou-se secretária do Museu Nacional, sendo a segunda mulher a ingressar no serviço público no país. Anos mais tarde, seria diretora do Departamento de Botânica da instituição, posto que ocupou até a aposentadoria.
Seus feitos não ficam apenas no campo da ciência, mas também se destacam na luta pela igualdade de gênero. Em 1922, representou as brasileiras na Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos Estados Unidos, e se tornou vice-presidente da Sociedade Pan-Americana das Mulheres. Em 1945, fez parte da delegação que redigiu a Carta das Nações Unidas, documento fundamental da ONU (Organização das Nações Unidas) e, em 1975, integrou a Conferência do Ano Internacional da Mulher.
2. Nise da Silveira (1905 – 1999)
Nascida em Maceió em 1905, foi a única mulher a se formar na Faculdade de Medicina da Bahia em uma turma de 158 alunos. Em 1936, chegou a ser presa por conta de suas ideias e, 10 anos mais tarde, começou um trabalho pioneiro sobre esquizofrenia, utilizando a arte como terapia ocupacional. Reconhecida internacionalmente, também teve grande papel na divulgação da psicologia junguiana no Brasil e foi um dos símbolos da luta antimanicomial no país.
3. Alice Piffer Canabrava (1911 – 2003)
Nascida em Araras (SP), Alice Piffer Canabrava formou-se em Geografia e História pela USP (Universidade de São Paulo) em 1937 e iniciou o doutorado em História em 1942. Tentou se tornar professora da cadeira de História da América da mesma instituição, obtendo a maior média no conjunto de provas. Porém, a banca de examinadores deu o cargo para um concorrente homem. Pediu transferência para a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (atualmente FEA) e, em 1951, se tornou a primeira professora catedrática da USP, na cadeira de História Econômica Geral do Brasil.
4. Graziela Maciel Barroso (1912 – 2003)
Graziela Maciel Barroso ficou conhecida como a grande dama da botânica brasileira. Seu livro Sistemas de Angiospermas do Brasil é referência internacional na área e bibliografia básica das universidades do país. Mais de 25 espécies vegetais identificadas nos últimos anos foram batizadas com seu nome, como forma de homenagem. Foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências em 2003, mas faleceu antes de tomar posse.
5. Victória Rossetti (1917 – 2010)
Victória Rossetti foi a primeira mulher a se formar em Agronomia no estado de São Paulo, e segunda no Brasil, em 1939. No Instituto Biológico do Estado de São Paulo, foi pesquisadora e se tornou referência internacional em doenças em plantas cítricas. Foi diretora da Divisão de Patologia Vegetal por mais de 2 décadas e continuou trabalhando até 2003.
6. Sonja Ashauer (1923 – 1948)
Formada em Física pela USP em 1942, Sonja Ashauser foi a segunda mulher a concluir o curso no Brasil. Apenas 6 anos depois, tornou-se a primeira brasileira a concluir o doutorado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Sua tese estudava problemas em elétrons e radiação eletromagnética, assunto pioneiro para a época.
7. Johanna Dobereiner (1924 – 2000)
Johanna Dobereiner, agrônoma tcheca naturalizada brasileira, desenvolveu um trabalho revolucionário ao descobrir que bactérias potencializavam o cultivo de leguminosas, dispensando o uso de fertilizante e gerando uma economia de 7 bilhões de dólares no plantio de soja todos os anos.
Seu trabalho contribuiu para que o Brasil se colocasse no topo da produção mundial do grão. Ela também foi indicada ao Prêmio Nobel de Química em 1997 e entrou para a Academia de Ciências do Vaticano.
8. Carolina Martuscelli Bori (1924 – 2004)
Formou-se em pedagogia pela USP em 1947 e aprofundou seus estudos sobre psicologia nos Estados Unidos. Carolina Martuscelli Bori foi pioneira na área no Brasil e defendeu a regulamentação da profissão nos anos 1960. Também participou da fundação da Sociedade Brasileira de Psicologia e do programa de pós-graduação do Instituto de Psicologia da USP, coordenado por ela por 15 anos.
9. Luisa Lina Villa (1951)
Luisa Lina Villa foi eleita membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS – The World Academy of Sciences for the advancement of science in developing countries) na área de sistemas e organismos biológicos. Sua pesquisa levou ao reconhecimento de que a infecção persistente por vírus HPV de alto risco é o principal fator para o desenvolvimento de neoplasia cervical, doença que atinge o útero. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico.
10. Thaisa Storchi Bergmann (1955)
A astrofísica Thaisa Storchi Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ganhou o Prêmio L’Oréal-Unesco Para Mulheres Ciência em 2015. Thaisa foi reconhecida por estudar buracos negros supermassivos, estruturas imensas formadas por estrelas, planetas, nuvens de gás e outros elementos.
11. Márcia Cristina Bernardes Barbosa (1960)
Márcia Cristina Bernardes Barbosa se formou em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde é professora titular. Seus estudos sobre as estruturas complexas da molécula de água, que podem ajudar na geração de energia limpa, na mitigação da escassez de água doce e no tratamento de algumas doenças, chamaram a atenção da comunidade internacional.
Em 2013, recebeu o Prêmio L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência; em 2019, foi eleita para a Academia Mundial de Ciências (TWAS) e, em 2020, foi citada em uma lista de cientistas que mudaram o mundo feita pela ONU.
12. Angela Olinto (1961)
Formada em Física pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Olinto é líder no novo campo da física das astropartículas, ou seja, partículas que compõem ou interagem com a matéria
Angela Olinto tornou-se membro da Academia Americana de Artes e Ciências, título que a coloca ao lado de nomes como Albert Einstein (1879 – 1955), Martin Luther King (1929 – 1968), Winston Churchill (1874 – 1975), Nelson Mandela (1918 – 2013) e Charles Darwin (1809 – 1882).
13. Suzana Herculano-Houzel (1972)
Buscando entender o que faz o cérebro humano ser tão especial, a carioca Suzana Herculano–Houzel revolucionou a área da neurociência. Dedicada ao estudo da evolução por meio da anatomia comparada de diferentes animais, ela inventou um método preciso para contagem de células do cérebro. Em sua palestra TED Talk, Houzel explica como chegou ao número de 86 bilhões de neurônios e discorre sobre o desenvolvimento do cérebro humano.
14. Fernanda de Pinho Werneck (1981)
Vencedora do prêmio Internacional Rising Talents for Women in Science de 2017 e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Fernanda de Pinho Werneck recebeu uma bolsa de 15 mil euros da Fundação L’Oréal em parceria com a Unesco para o investimento em estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas na vida animal.
15. Vanessa Dias (1985)
Em 2017, Vanessa Dias recebeu o Emerging STEM Scholar Award, premiação de maior prestígio para jovens cientistas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Sua pesquisa de doutorado propõe o melhoramento de uma técnica de controle de insetos e pragas chamada Técnica do Inseto Estéril (TIE).
Viu só? Temos uma grande lista de mulheres para inspirar as atuais e futuras gerações e aumentar a participação feminina nas pesquisas científicas. Se você conhece alguma outra cientista brasileira reconhecida mundialmente, deixe nos comentários.