Educação & Cultura
Fake news, falta de empatia, bullying… Escolas contam como estão abordando esses e outros temas com seus alunos
Transpor para as aulas escolares temas da atualidade como bullying, fake news e cancelamento virtual é um desafio constante de muitos professores. Esses assuntos, embora cada vez mais presentes no cotidiano, englobam questões tão complexas que apresentá-los a estudantes de diferentes faixas etárias exige um estudo aprofundado sobre as linguagens e as abordagens possíveis para cada situação – uma tarefa que vai muito além de debater com a turma o que aparece nas redes sociais ou no noticiário.
O bullying ou sua versão virtual, o cyberbullying, por exemplo, estão entre as formas de violência mais presentes nas escolas e trazem dificuldades que por vezes parecem intransponíveis. Contudo, o que percebemos em conversas com escolas parceiras do programa Laboratório Inteligência de Vida (LIV) é que o combate mais eficaz a essas e demais formas de violência apenas acontece com um trabalho consistente e constante, por meio do qual os estudantes podem abordar o assunto a partir de diferentes prismas.
“Em nossa escola, sempre oferecemos aos alunos e às famílias palestras visando combater o bullying e outras violências. Depois do LIV, porém, passamos a falar sobre essas temáticas de forma mais consistente. […] Antes eu resolvia as questões de bullying quando os alunos chegavam para conversar comigo particularmente. Eu os chamava, conversava e recorria aos pais para resolver a situação. Agora, quando estou em sala com eles usando o LIV, nós temos rodas de conversa abertas sobre esse e outros assuntos”, conta Ana Carolina de Melo Silva e Silva, coordenadora pedagógica e professora de LIV no Colégio Batista de Itabuna (BA).
Em linhas gerais, o programa LIV oferece suporte para que escolas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, possam incluir em sua grade curricular ações voltadas para o desenvolvimento da inteligência emocional e de habilidades socioemocionais, como pensamento crítico, proatividade, comunicação, e promove atividades que incentivam no aluno uma postura mais empática e um olhar para o coletivo.
De acordo com Ana Carolina, foi o suporte recebido da equipe LIV que permitiu ao colégio trabalhar o bullying e outros temas a partir de uma perspectiva socioemocional. “O programa oferece um suporte muito grande. Eu não sabia como lidar com certas questões. Como educadora eu penso, por exemplo, que as notas são secundárias. Eu me importo com o ser humano, esse é meu pensamento. O LIV ofereceu um conhecimento que eu não tinha, com temas que pude estudar e aprofundar, além de um suporte com questões que antes eu não sabia como abordar. Todos os pais comentam comigo quando têm oportunidade sobre o suporte emocional que os filhos estão recebendo nas aulas”.
Habilidades socioemocionais contra a desinformação
Outros dois assuntos que têm se tornado frequente nas escolas são as fake news (ou notícias falsas em bom português) e o cancelamento virtual (que também pode ser visto como uma espécie de linchamento virtual). Diferentemente do bullying, que já fazia parte do contexto escolar antes do advento das tecnologias digitais, as fake news e o cancelamento virtual são fenômenos contemporâneos e propagados em sua maior parte por meio das redes sociais.
No programa LIV, esses temas aparecem com mais força a partir da segunda etapa do Ensino Fundamental e continuados no Ensino Médio. Assim, a partir da perspectiva da educação socioemocional, oferecemos às escolas uma possibilidade de inseri-los adequadamente em diferentes contextos com cada turma.
Segundo Marília Franco, psicóloga do Colégio Módulo (SE), esse suporte permitiu oferecer aos alunos um debate mais aprofundado, ajudando-os a entender os aspectos éticos e de cidadania que permeiam esses temas. “Falamos muito sobre essas questões para entender também a falta de empatia que nos cerca. […] O LIV está sempre fomentando essas questões dentro da equipe e isso faz com que a gente leve também para outros parceiros da escola e professores de outras disciplinas, proporcionando a troca”, destaca.
Para a professora, outro ponto positivo do material para o trabalho com temas da atualidade é a possibilidade de adaptar as atividades à realidade de cada comunidade escolar. “Mesmo com o material de apoio completo podemos englobar conteúdos mais atuais. Por exemplo, tivemos aulas sobre cancelamento virtual, comunicação e fake news que remontam à importância de buscar informações corretas”, destaca a educadora. E completa: “A partir do material do LIV, buscamos elaborar nossas aulas e disponibilizar o conteúdo para os alunos e as famílias, com textos, apresentações e sugestões de atividade para que esses debates também cheguem a suas casas”.
A adaptação do material para dialogar com a realidade de cada escola apenas é possível porque, anualmente, a equipe pedagógica do programa se dedica a acompanhar as escolas parceiras, identificando suas necessidades para revisar e criar novos conteúdos. Durante essa pandemia, por exemplo, a equipe pedagógica do programa promoveu o acompanhamento constante das escolas e elaborou novos conteúdos exclusivos para responder ao momento. Outro exemplo são os seriados inéditos oferecidas aos estudantes como parte do material para as etapas finais do Ensino Fundamental e Médio, e que contribuem para expor, através da ficção, temáticas complexas relativas a cada faixa etária, auxiliando o trabalho do professor.
Segundo Rafael Sgarbi, gestor e professor de LIV do Colégio Bahiense (RJ), a abordagem a partir de filmes e séries indicados pelo LIV contribui para que os alunos possam compreender temas como esses com mais abertura, permitindo que relatem suas experiências. “Os alunos têm atualmente mais abertura para falar sobre questões como bullying, por exemplo, que foi debatido em sala de aula a partir de atividades do LIV. É claro que durante a pandemia [causada pelo novo coronavírus] o que ganhou a atenção dos alunos foram os momentos deles em casa, a dificuldade de ficar longe dos amigos, o convívio com a família e as diferenças e características que foram descobertas com ele. Ainda assim, mesmo no ambiente virtual, percebi que eles conseguem gerenciar bem questões como essas, conversando abertamente”, conclui o docente.
Fonte: Liv