Internacional
Talibã endossa candidatura de Trump
Porta-voz do movimento fundamentalista islâmico diz torcer para que Trump ganhe pleito em novembro e retire tropas americanas do Afeganistão. Assessor de Trump diz que campanha “rejeita” apoio
O presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu na sexta-feira (11/10) um apoio incomum para sua campanha à reeleição: o movimento fundamentalista islâmico Talibã, que atualmente lidera uma insurgência no Afeganistão.
“Esperamos que ele (Trump) ganhe as eleições e acabe com a presença militar dos EUA no Afeganistão”, disse Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo à rede americana CBS News, em entrevista por telefone.
“Achamos que a maioria da população americana está cansada da instabilidade, dos fracassos econômicos e das mentiras dos políticos e confiará novamente em Trump porque Trump é decisivo, pode controlar a situação dentro do país. Outros políticos, incluindo Joe Biden, entoam slogans irreais”, acrescentou Mujahid, segundo a emissora.
O grupo também expressou que o grupo demonstrou preocupação com a saúde do presidente americano, que chegou a ser internado recentemente após ser infectado com o coronavírus.
“Quando soubemos que Trump testou positivo para covid-19, ficamos preocupados com sua saúde, mas parece que ele está melhorando”, disse outro líder do talibã à CBS News.
Após a divulgação das entrevistas no sábado, a campanha de Trump rejeitou publicamente o apoio do grupo. “O Talibã deve saber que o presidente sempre protegerá os interesses americanos por qualquer meio necessário”, disse Tim Murtaugh, porta-voz da campanha de Trump, à CBS News.
Trump fala em retirada do Afeganistão até o Natal
A simpatia do grupo por Trump tem uma razão: eles esperam que o presidente cumpra sua promessa de reduzir a presença de militares dos EUA que ainda permanecem no Afeganistão.
Na última quinta-feira, Trump prometeu que todas as tropas devem “estar de volta até o Natal”. O anúncio ocorreu poucas horas depois de seu conselheiro de Segurança Nacional dizer que Washington reduzirá suas forças em solo afegão para 2.500 até o início do ano que vem. As informações contraditórias foram dadas semanas antes do pleito presidencial dos EUA, no qual Trump aparece atrás de Biden nas pesquisas.
Especialistas ainda apontaram que os comentários de Trump podem enfraquecer ainda mais a influência do governo afegão durante as negociações com o Talibã sobre um cessar-fogo e uma partilha de poder que transcorrem no Catar.
Um acordo histórico firmado pelos EUA e o Talibã em fevereiro prevê que as forças estrangeiras sairão do Afeganistão até maio de 2021, em troca de garantias de contraterrorismo do Talibã, que concordou em negociar um cessar-fogo permanente e uma fórmula de partilha de poder com o governo afegão.
Trump e outras autoridades disseram anteriormente que a presença norte-americana no país se reduzirá a 4 mil ou 5 mil soldados em meados de novembro. Para além disso, autoridades disseram que uma redução dependerá da situação no Afeganistão.
Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001, após os ataques terroristas de 11 de setembro, e derrubaram o regime totalitário do Talibã, que deu apoio para rede Al Qaeda de Osama bin Laden. Vários países, incluindo o Canadá, Rússia, classificam o Talibã como uma organização terrorista.