Esporte
Esportistas e dirigentes pedem mais incentivos a atletas surdos
O Brasil vai sediar a 24ª Surdolimpíada, em maio de 2022, em Caxias do Sul (RS). Tema foi discutido em audiência da Comissão do Esporte
Parlamentares, dirigentes e esportistas pediram mais visibilidade e incentivos aos atletas surdos. O tema foi debatido em audiência da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados.
Três vezes campeã brasileira, a judoca Marcele Jordão pediu aos deputados que aprovem o pedido de urgência para a proposta (PL 330/20) que inclui os surdos entre os beneficiários do Bolsa Atleta.
“Como que eu faço? Não recebi auxílio, então tenho de trabalhar em outros serviços para me sustentar e isso atrapalha meu desenvolvimento como atleta. Muitos esportistas como eu desistiram, não participam mais de competições porque tiveram que pagar do próprio bolso”, relatou Marcele, que já integrou a equipe nacional em duas Surdolimpíadas (2013 e 2017).
Surdolimpíada
As Surdolimpíadas são um evento multidesportivo internacional, organizado pelo Comitê Internacional de Desportos de Surdos. No período de 1924 a 1965, o evento era conhecido como Jogos Internacionais Silenciosos. De 1966 a 1999, foram denominados Jogos Mundiais Silenciosos. Desde 2000, adota-se o nome Surdolimpíadas.
O Brasil será sede da próxima edição do evento no ano que vem, na cidade de Caxias do Sul (RS). A expectativa é reunir mais de quatro mil surdoatletas, representando mais de cem países, distribuídos em vinte e uma modalidades.
O diretor de Esportes da Confederação Brasileira Desportiva de Surdos (CDBS), Igor Valério, que fez a sua exposição com o auxílio de uma vocalizadora, destacou a importância da entidade nacional.
“Nós somos 20 federações, 120 associações e uma população extremamente grande e que precisa estar inserida nas políticas públicas do esporte”, apontou. “Temos cerca de cinco mil atletas, distribuídos em 27 modalidades”.
O secretário nacional do Paradesporto, José Antônio Guedes, acrescentou que a realização da surdolimpíada no Brasil contribuirá para que a população em geral saiba que pessoas surdas também podem ser atletas de alto rendimento.
Visibilidade
O deputado Marcelo Aro (PP-MG), autor de projeto (PL 150/21) que destina parte dos recursos da loteria federal para o financiamento da Confederação Brasileira Desportiva de Surdos, afirmou que é preciso discutir mais a situação dos 10,7 milhões de surdos no Brasil.
Ele defendeu a criação do Dia Nacional do Atleta Surdolímpico. “Assim, ao menos uma vez ao ano, vamos parar para falar o seguinte: ‘olha, do ano passado para este no que evoluímos em política pública para o surdo atleta? Quais eram as metas do ano passado, o que nós cumprimos e quais serão as próximas?’”, disse.
Secretária Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Priscila Gaspar também apoiou a medida. “É muito importante instituir o Dia Nacional do Atleta Surdolímpico, é um marco de visibilidade para a comunidade surda e para lembrar a todos nós o valor da equidade e da diversidade, além de proporcionar oportunidades de integração, reflexão e conscientização”, comentou.