CIÊNCIA & TECNOLOGIA
Microsoft culpa “erro humano” após sumiço de foto do “homem dos tanques”
Célebre imagem de homem desafiando coluna de tanques na China não apareceu em resultados do mecanismo de busca Bing na sexta-feira, justamente na data que marcou o 32º aniversário do massacre da Praça Tiananmen
A Microsoft apontou neste sábado (05/06) um “erro humano acidental” após seu mecanismo de busca, o Bing, não mostrar nas últimas 24 horas resultados de imagens para a consulta “Tank Man” (homem dos tanques).
A expressão faz referência à imagem icônica de um manifestante solitário diante de uma coluna tanques nas imediações da Praça Tiananmen, em Pequim, durante as manifestações que foram duramente reprimidas pelo regime comunista em 1989.
Na sexta-feira, usuários do Reino Unido, EUA e Singapura que pesquisaram o termo na sexta-feira relataram que se depararam com a seguinte mensagem: “Não há resultados para o homem dos tanques”. O episódio imediatamente provocou acusações de censura por pressão dos chineses, já que o sumiço da imagem ocorreu justamente no 32º aniversário dos protestos.
“Isso se deve a um erro humano acidental e estamos trabalhando ativamente para resolvê-lo”, garantiu um porta-voz da Microsoft, após reportagens publicadas na imprensa dos Estados Unidos.
Mas o diretor da ONG Human Rights Watch, Kenneth Roth, afirmou que achou a justificativa “difícil de acreditar”.
“Ultrajante: no aniversário da violenta repressão na Praça da Paz Celestial, o mecanismo de busca Bing da Microsoft de repente não retorna nenhuma imagem se você pesquisar por “Tank Man”, a foto icônica. Eu acabei de tentar. Difícil de acreditar que isso é um erro acidental”, escreveu Roth no Twitter.
Enquanto isso, as pesquisas por “Tank Man” no Google, que controla cerca de 92% do mercado global de consultas online, retornaram várias versões da cena de 1989, inclusive a foto mais famosa associada ao evento, registrada pelo americano Jeff Widener. Os fotógrafos Stuart Franklin, Charlie Cole, Terril Jones e Arthur Tsang Hin Wah também capturaram a cena em 1989.
A ferramenta de busca do Google não é disponibilizada na China, onde os censores costumam remover a imagem “Tank Man” da internet. O Baidu é o mecanismo de busca dominante na China.
As comemorações do aniversário do protesto em Hong Kong também foram discretas depois que as autoridades proibiram uma vigília. Pequim costuma exigir que os mecanismos de pesquisa que operam em sua jurisdição censurem os resultados, mas essas restrições raramente são estendidas para outros países.
A famosa foto mostra um manifestante solitário de camisa branca bloqueando a passagem de uma coluna de tanques na Praça Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim em 1989. Oficialmente, centenas de pessoas morreram em consequência da ação das tropas chinesas, embora, de acordo com algumas estimativas, as mortes tenham sido mais de 1.000. A foto também é conhecida como “o rebelde desconhecido” ou o “manifestante desconhecido”. O homem nunca foi identificado com precisão.
Na China continental, o aniversário de Tiananmen costuma ser marcado por um aumento na censura online. Nesse dia, a praça é rotineiramente cercada por forças de segurança.