Saúde
Mistério bioquímico: Metais encontrados nos cérebros de pacientes com Alzheimer
É a primeira vez que se encontra metais elementares no cérebro humano.

Metais elementares
Químicos descobriram os elementos ferro e cobre puros – não oxidados e fora de compostos – em amostras do cérebro de pacientes que morreram de Alzheimer.
Mas do que surpreendente, a descoberta muda o que a ciência conhece sobre a bioquímica humana.
Até hoje, só se conhecia a ocorrência desses dois metais no cérebro humano na forma de íons, que são átomos eletricamente carregados. Mas imagens usando radiação síncrotron revelaram agora a existência de ferro e cobre elementais.
“Essas formas de metal nunca foram vistas na biologia humana,” disse o professor Neil Telling, da Universidade Keele (Reino Unido), que liderou o estudo. “Estamos vendo algo além do que entendemos sobre o mundo bioquímico.”
Ferro e cobre no cérebro
Metais como o cobre e o ferro, em suas formas iônicas, são essenciais para o funcionamento do corpo humano, inclusive das funções cerebrais, mas nada se sabe sobre o eventual papel desses metais na forma elementar.
Assim, a equipe está cautelosa quanto às possíveis interpretações de como os metais chegaram ao cérebro e de um possível impacto nas doenças neurodegenerativas. “Neste estágio, fizemos uma observação e reunimos um conjunto de mecanismos plausíveis”, resumiu a professora Joanna Collingwood, da Universidade de Warwick.
Em outras palavras, ainda não se sabe se os dois metais fazem parte da biologia normal e nunca haviam sido notados, se chegaram ao cérebro devido ao Alzheimer, ou se foram de alguma forma “metabolizados” pelo próprio cérebro doente.
O primeiro passo para tentar elucidar essas questões consistirá em usar os mesmos instrumentos de radiação síncrotron para estudar amostras de cérebros de pessoas não acometidas por Alzheimer.