Internacional
Merkel realiza última visita oficial ao Reino Unido
Chanceler alemã se reúne com Boris Johnson e visita rainha Elizabeth. Ela vê melhora nas relações teuto-britânicas com a superação das tensões pós-Brexit, mas critica estádios cheios nos jogos da Eurocopa em Londres
Em sua última visita oficial ao Reino Unido, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, se reuniu nesta sexta-feira (02/07) com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e visitou rainha Elizabeth 2ª.
Em sua 22ª visita ao país desde que se tornou chanceler, há 16 anos, Merkel disse desejar que as relações entre os dois países possam voltar a tempos melhores, depois de anos de tensões envolvendo a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
Ela minimizou os desentendimentos que surgiram entre as duas nações após o referendo de 2016, onde os britânicos optaram pelo Brexit, e expressou interesse na elaboração de um acordo comercial bilateral para firmar uma nova fase nas relações teuto-britânicas.
O Brexit, segundo afirmou em conferência de imprensa ao lado de Johnson, criou “uma boa oportunidade de abrir um novo capítulo em nossas relações”. Ambos tiveram uma almoço de trabalho em Chequers, a residência de campo dos chefes de governo britânicos.
“Da parte alemã, estaremos muito contentes em trabalhar juntos em um tratado de amizade ou de cooperação, que possa refletir a inteira amplitude de nossas relações”, disse a chanceler.
Ela se disse otimista quanto a soluções “pragmáticas” que possam ser encontradas para possibilitar acordos comerciais pós-Brexit, o que envolve uma série de questões alfandegárias em torno da única fronteira física entre o Reino Unido e a UE, através da Irlanda.
Em vídeoconferência, Merkel fez um pronunciamento ao gabinete de Johnson, algo que não acontecia desde a visita do então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, em 1997. Os dois líderes decidiram que os gabinetes de ambos os governos devem realizar reuniões anuais, a primeira destas a ser realizada no Reino Unido.
Desde que a separação entre o Reino Unido e a UE, no início do ano, surgiram desentendimentos em questões envolvendo a pesca e a exportação de carnes como linguiças, que fazem parte da culinária dos dois países. Sob as regras da UE, não é permitida a compra desses produtos de países terceiros, qualificação na qual o Reino Unido passou a ser enquadrado após o Brexit.
Johnson se diz confiante de que essas e outras questões espinhosas serão resolvidas. Ele disse concordar com Merkel de que as barreiras poderão ser superadas com “boa vontade e paciência”.
Merkel sinalizou que os britânicos que já estiverem totalmente vacinados poderão viajar à Alemanha sem a necessidade de quarentena “no futuro próximo”.
Ela, porém, deu um puxão de orelhas no premiê britânico ao expressar preocupação com a quantidade de torcedores que puderam assistir aos jogos da Eurocopa no estádio de Wembley, em Londres. Tudo isso, apesar de uma alta nos índices de contaminação pela variante delta do coronavírus, no país.
Mais de 60 mil pessoas poderão assistir ao vivo as semifinais do torneio nos dias 6 e 7 de julho e a grande final no dia 11. A iniciativa é parte de um programa do governo para possibilitar a realização de grandes eventos de modo seguro. Todos os torcedores devem mostrar testes negativos para covid-19 ou provar que tomaram as duas doses da vacina contra a doença.
“Nós, na Alemanha, como vocês sabem, decidimos ter menos pessoas indo aos jogos no estádio de Munique”, afirmou a chanceler. “O governo britânico, obviamente, tomará suas próprias decisões. Mas, estou muito preocupada se isso não é um pouco demais.”
Merkel também se reuniu com a rainha Elizabeth 2ª no castelo de Windsor, semanas após encontrá-la durante a ultima cúpula do G7 no Reino Unido em Cornwall. Em algumas semanas, a chefe de governo alemã viajará para os Estados Unidos para se encontrar com o presidente americano Joe Biden.