Internacional
EUA têm 1ª sentença de prisão por ataque ao Capitólio
Homem de 38 anos foi sentenciado a oito meses de prisão por participação em ataque ao Congresso do país em janeiro. “Não foi, em nenhum sentido, um protesto. Foi um ataque à democracia”, declara juiz do caso
Um tribunal federal dos Estados Unidos emitiu nesta segunda-feira (19/07) a primeira sentença de prisão contra um invasor do Capitólio. Paul Allard Hodgkins, de 38 anos, foi sentenciado a oito meses de prisão, após se declarar culpado de participação no ataque.
Ele foi uma das centenas de apoiadores do ex-presidente Donald Trump que em 6 de janeiro invadiram a sede do Congresso americano como parte de uma tentativa de impedir a sessão formal de ratificação dos resultados da eleição presidencial de novembro de 2020, que terminaram com a vitória do democrata Joe Biden e a consequente derrota de Trump.
O ataque havia sido instigado pouco antes por Trump, que se recusava a aceitar sua derrota no pleito. Imagens de extremistas e neonazistas vandalizando o Congresso correram o mundo e chegaram a render um segundo processo de impeachment contra Trump.
O Departamento de Justiça dos EUA ainda prepara acusações contra centenas de outras pessoas identificadas como participantes do ato.
Hodgkins, que reside no estado da Flórida, entrou no Senado durante o ataque com uma bandeira de Trump. Durante a audiência, ele tentou se defender afirmando que se deixou levar pelo entusiasmo da multidão.
“Se eu tivesse alguma ideia de que o protesto iria se intensificar como aconteceu, eu nunca teria me aventurado” a continuar, disse ele, admitindo que entrar no Capitólio foi “uma decisão estúpida” de sua parte.
Depois de ser preso em 16 de fevereiro após ser denunciado, Hodgkins se declarou culpado de obstrução dos procedimentos oficiais, crime pelo qual o promotor federal pediu inicialmente uma sentença de 18 meses de prisão.
Com essa admissão de culpa, os promotores retiraram outras acusações, incluindo entrada não autorizada em um prédio com restrições, e conduta desordeira.
O Ministério Público havia recomendado 18 meses de prisão, levando em consideração que o réu havia assumido a responsabilidade por seus atos e que, no entanto, participou voluntariamente do ataque.
O juiz federal Randolph Moss, ao proferir sua sentença, apreciou o arrependimento expresso por Hodgkins, mas chamou os acontecimentos de 6 de janeiro de “arrepiantes”.
“Não foi, em nenhum sentido, um protesto. Foi um ataque à democracia. Deixou uma mancha que vai ficar em todos nós, no país, durante anos e anos”, disse.
Desde 6 de janeiro, mais de 535 manifestantes foram presos em todo o país por participarem do ataque e mais de 165 foram indiciados. Antes de Hodgkins, duas outras pessoas chegaram a ser condenadas. Uma mulher que se declarou culpada foi condenada a três anos de liberdade condicional e um homem foi condenado a três meses de prisão após se declarar culpado, mas o prazo dessa sentença já havia expirado com sua prisão preventiva.