Internacional
Biden anuncia novas sanções contra autoridades de Cuba
Decisão atinge ministro das Forças Armadas Revolucionárias e uma unidade militar de elite que seriam responsáveis pela prisão e desaparecimento de mais de 100 manifestantes após protestos na ilha
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira (22/07) que seu governo irá aplicar novas sanções contra uma autoridade do governo cubano e uma unidade militar de elite do país caribenho em função de protestos recentes deflagrados na ilha.
“Condeno as prisões em massa e julgamentos encenados que são tentativas do regime de Cuba para forçar as pessoas a silenciarem. Meu governo está ao lado do povo cubano, e aplicará novas sanções contra aqueles do regime cubano responsáveis por essa repressão”, tuitou Biden, depois de divulgar um comunicado oficial sobre o tema.
Em 11 de julho, milhares de cubanos saíram às ruas de Havana e outras cidades do país para protestar contra a pobreza, o mau gerenciamento da pandemia pelo governo e a repressão a liberdades civis.
Cuba enfrenta uma grave crise econômica e de saúde, com a pandemia fora de controle e escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos, além de longos cortes de energia. O governo reprimiu os protestos e prendeu centenas de pessoas, e várias seguem desaparecidas. Doze cubanos presos receberam nesta quarta-feira penas de 10 meses a um ano de prisão em julgamentos sumários, segundo o parente de um dos detidos.
Líder militar no alvo
Em um regime que não costuma tolerar vozes dissidentes, os protestos foram considerados a maior demonstração de insatisfação popular nas ruas em três décadas em Cuba.
O governo cubano afirma que os manifestantes são liderados por “contrarrevolucionários” apoiados pelos Estados Unidos que exploram as dificuldades econômicas provocadas pelo embargo norte-americano.
O governo Biden incluiu na lista de pessoas sancionadas Álvaro López Miera, homem de confiança do ex-presidente cubano Raúl Castro e atual ministro das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba, sob a justificativa de que ele “desempenhou um papel central na repressão dos protestos que vêm ocorrendo em Cuba”. Também entrou na lista uma unidade militar de elite conhecida como “vespas negras”, vinculada ao Ministério do Interior.
As sanções bloqueiam qualquer ativo que López Miera ou integrantes da unidade de elite tenham nos Estados Unidos, e proíbe que pessoas nos Estados Unidos façam negócios com eles. O Departamento do Tesouro americano afirma que eles são responsáveis por prisões e desaparecimentos de mais de 100 manifestantes com o objetivo de suprimir os protestos.
Mais sanções podem estar a caminho
Os Estados Unidos aplicam um embargo a Cuba e o governo da ilha está entre os regimes mais sancionados pelos americanos, ao lado da Coreia do Norte e do Irã.
Durante seu mandato, o então presidente Barack Obama tentou alterar o rumo das políticas americanas sobre Cuba, reabriu a embaixada do país em Havana e visitou a ilha pessoalmente. Mas seu sucessor Donald Trump reverteu essa aproximação.
Biden prometeu na campanha de 2020 desfazer algumas das políticas de Trump para Cuba, mas o anúncio desta quinta indica que, na prática, sua administração deve manter alguma continuidade sobre o tema.
“Este é apenas o começo — os Estados Unidos continuarão a sancionar indivíduos responsáveis pela opressão do povo cubano”, disse o comunicado de Biden.
Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba, afirmou no Twitter que rechaçava as “sanções infundadas e caluniosas” contra López Miera e à unidade militar de elite, e disse que os Estados Unidos deveriam aplicar as sanções contra si próprios “pelos atos de repressão cotidiana e brutalidade policial que custaram 1.021 vidas em 2020”.