Internacional
Ministros do G20 falham em acordo climático mais ambicioso
Em reunião na Itália, as 20 maiores economias do mundo não chegaram a um consenso sobre manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais
Os ministros do G20 responsáveis pelo clima, energia e meio ambiente não chegaram a um consenso sobre manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C em comparação com os índices pré-industriais.
Em reunião que terminou nesta sexta-feira (23/07) na Itália, as 20 maiores economias do mundo concordaram em acelerar a transição ecológica, mas divergiram em pontos como descarbonização e eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis.
Em declaração conjunta, os países se comprometeram, apenas, em atingir a meta menos ambiciosa do Acordo Climático de Paris, que é de manter o aumento da temperatura na Terra abaixo de 2 °C.
De acordo com o ministro italiano da transição Ecológica, Roberto Cingolani, a reunião foi complicada e marcada por tensão. O ministro anfitrião explicou que se chegou a um acordo sobre 58 dos 60 previstos. No entanto, dois artigos ficarão para serem decididos pelos líderes do G20, economias que juntas representam 80% das emissões de gases de efeito estufa do planeta.
Divergências nas metas
Países como China, Rússia, Índia e Arábia Saudita não aceitarem comprometer-se com a contenção do aumento da temperatura média global em 1,5°C. A data de 2030 como prazo para cumprir a transição para fontes renováveis de energia foi outro ponto polêmico.
“Houve uma grande negociação com a China, a Rússia e a Índia. Tivemos de suspender a reuniões várias vezes e falar com cada uma das delegações”, destacou Cingolani. Ele também sublinhou a intermediação crucial do enviado especial dos EUA para as alterações climáticas, John Kerry.
Todos os ministros concordaram que deve haver esforços para conter o aquecimento global. “Ninguém questionou o Acordo de Paris”, apontou Cingolani.
No entanto, de acordo com o ministro, “alguns países não acreditam que consigam” comprometer-se com a redução das emissões para conter o aumento em 1,5 °C, por terem modelos econômicos “fortemente baseados no carvão”.
“Todos estão empenhados na descarbonização do planeta”, explicou. “Mas a questão é o cronograma. Alguns países correm o risco econômico de não conseguir cumprir”, acrescentou Cingolani.
O acordo é visto como essencial para abrir caminho para a COP26, próxima conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, que será realizada em novembro na cidade escocesa de Glasgow, após ser cancelada no ano passado devido à covid-19.
O enviado especial dos EUA, John Kerry, pediu no início desta semana que a China se associe aos Estados Unidos para reduzir urgentemente as emissões de gases de efeito estufa. Duas semanas atrás, uma reunião de ministros das finanças do G20 citou a imposição de um preço sobre as emissões como uma possível ferramenta para combater o aquecimento global.
Desastres ambientais e aquecimento global
O aquecimento global já teve um aumento de 1,2 °C em relação aos níveis pré-industriais, com consequências climáticas fatais, como ondas de calor, secas e inundações.
Cingolani disse na coletiva de imprensa que a preocupação com as inundações mortais que atingiram a Alemanha, a Bélgica e a Holanda na semana passada estiveram no centro das discussões durante os dois dias de negociações em Nápoles.
“Todos começaram oferecendo condolências”, disse Cingolani. Segundo o ministro, esses desastres naturais estão “mudando as consciências”.